Guararema: Do alambique as duras subidas, o cicloturismo no interior de SP
O local recebeu várias famílias de japoneses que cultivaram flores, as rosas e as gérberas, e a paciência nipônica fez com que ficasse conhecida como "A Cidade das Orquídeas"
Guararema é um município da cidade de São Paulo, localizado a 76 kms, no chamado Alto Tietê, com aproximadamente 30.000 habitantes. O local recebeu várias famílias de japoneses que cultivaram flores, as rosas e as gérberas, e a paciência nipônica fez com que ficasse conhecida como “A Cidade das Orquídeas”, com florações de algumas espécies que podem levar até 7 anos.
Marcos Nunes
Este foi o destino escolhido para percorrermos 50kms de trilha de mountain bike, das diversas que existem, inclusive uma delas com a famosa Cachoeira do Putim, dentro da fazenda da Cia Suzano entre Guara e Santa Branca, mas como nosso objetivo era intercalar sofrimento e diversão entre a cachoeira e o alambique, a eleição foi unânime, Trilha do Alambique!
Marcos Nunes
Estação de Luís Carlos
Ponto de partida na charmosa Estação de Luís Carlos, para quem não conhece, é uma vila muito bem cuidada, mantida pela prefeitura, onde uma grande Maria Fumaça parte com seu apito característico (que depois do quinto ou sexto susto que você toma, você passa a olhar diferente pra locomotiva), cercada por restaurantes, lojas, a igreja, tudo em cores pastéis, remetendo o visitante a algum lugar do passado.
Marcos Nunes
Maria Fumaça
Com o track na tela do Garmin, parti convicto a direita e em poucos metros já estávamos na terra, grupo com 19 ciclistas com nível intermediário, como não existe vida fácil entre montanhas, subimos razoavelmente bem nos primeiros 10 kms e tivemos as primeiras duas baixas, segundo eles próprios, começaram a sentir “arrepios”, e as retas viraram subidas, buscamos o carro que os resgatou e serviu de apoio até o final do curso.
Quando o odômetro marcou 13 kms, já era quase meio dia, e paramos numa venda para uma água, alguém mencionou sobre o tal alambique, o senhor falou que era a 500 mts adiante, ou seja, o plano inicial de rodar 40 kms parar no alambique e completar os últimos 10 na banguela que era descida, foi por terra abaixo.
Com o olhar carinhoso de quase 20 ciclistas educadíssimos, expliquei que por um descuido havia começado a trilha do lado oposto, e como resultado provaríamos os mais de 300 tipos de cachaça, comeríamos os 9 kg de costela (de osso) encomendados e teríamos mais 40 kms pela frente, depois de uma enxurrada de palavras de agradecimento a minha pessoa e a minha mãe, apaziguamos os ânimos com algumas cervejas geladas e uma porção de pururuca as 11:15 da quase tarde.
Marcos Nunes
Alambique do Décio
Ficamos no famoso Alambique do Décio, casa inaugurada em 1905, por mais de uma hora, onde conhecemos Seu Airton, que se auto intitulou o maior colecionador de bicicletas do Brasil, quando falou que tinha até a marca Moet Chandon, percebi que não dava pra levar ao pé da letra. Degustamos, almoçamos e nos preparamos para seguir o caminho, quando notei, caixas e mais caixas de destilado entrando no carro de apoio, impressão real de estar no Duty Free pós Miami, e naquele instante ninguém mais podia desistir da trilha, afinal o espaço já não comportava caixas e pessoas.
O caminho alternava duras subidas, descidas com muitas pedras, a boa sombra dos túneis verdes e o sol escaldante da tarde, encontramos uma bica salvadora para um banho refrescante, outro barzinho para uma coca cola, dando risada e apreciando a paisagem retornamos até a estação novamente.
O pedal finalizou com quase 4 horas em movimento, 850 metros de altimetria, 16 chegaram pedalando, 3 no ar condicionado e a grande maioria com garrafas de cachaça nas mãos aproveitamos a leseira da praça tomando um açai, subimos na van com um sorriso adolescent no rosto, pensando já no próximo destino e voltamos pra São Paulo.
Marcos Nunes
Agora é tentar se reconciliar com o tal GPS, pois sempre temos pensamentos contrários.
– Estr. Mun. Sabaúna Luís Carlos, 160 – Luiz Carlos,
-Alambique do Décio – Estrada Lagoa Nova, 707