Dá pra acreditar? Motorista joga ônibus em cima, mas é o ciclista quem termina acusado de agressão
Eles falavam que eu devia esquecer aquilo e ir embora, deixar pra lá. Disseram que eu estava errado, que nem deveria estar ali. Que foi apenas uma fina. A pior de todas as pessoas, foi uma senhor...
Rodrigo Souza é estudante de Análises de Sistemas e trabalha em uma empresa do setor e acredita que dá para se locomover para as duas rotinas de bicicleta, todos os dias. Mas pelo o que vídeo mostra, o motorista Wilson de Oliveira, da Viação Transportes Barra, não concorda com isso e acha que a rua não é lugar de bicicleta.
No dia 12 de fevereiro, na cidade do Rio de Janeiro, Wilson ultrapassou de forma imprudente o ciclista Rodrigo, que voltava para sua casa após um dia de trabalho e estudos. Como o vídeo mostra, na primeira ultrapassagem, o motorista do ônibus deu uma fina em Rodrigo, que por sua vez pedalou forte até o próximo farol para alertar o motorista sobre o risco: “Você quase me derrubou! Também só estou tentando voltar para minha casa.”
Rodrigo seguiu seu pedal e poucos segundos depois estava encurralado pelo mesmo ônibus. O motorista jogou o coletivo no ciclista. Indignado, o rapaz decidiu parar sua bicicleta em frente ao ônibus. “Resolvi ligar para a polícia. Precisei ligar cinco vezes para que finalmente, após longos 40 minutos de confusão, uma viatura com dois policiais chegassem.”
Nesse ínterim, Rodrigo precisou lidar com uma grande quantidade de pessoas, que exceções feitas a um casal e a um motoboy, estavam todos o acusando de ser responsável pela confusão: “Eles falavam que eu devia esquecer aquilo e ir embora, deixar pra lá. Disseram que eu estava errado, que nem deveria estar ali. Que foi apenas uma fina. Mas a pior de todas as pessoas, foi uma senhora que, nitidamente alcoolizada, me xingava e me agredia.”
A senhora em questão é Elaine Severinny, que na época, através de sua conta no Facebook, escreveu: “Enquanto vida houver em mim, nas veias o sangue correr, serei a favor dos menos favorecidos sim. Bato de frente com qualquer um que seja, que esteja agindo covardemente… Minha contribuição para com essa vida é o quanto puder ajudar meu próximo…Seja ele o que for, se for do bem, atos ou palavras terá minha energia ~pregnada~ para apaziguar corações e almas aflitas contra os covardes!!”
Acreditando que ao chegarem os policiais a situação se apaziguaria, Rodrigo foi surpreendido com a atitude dos dois agentes públicos: “Eles começaram a me ameaçar, dizer que eu não tinha nenhum arranhão e que se eu fosse a delegacia por aquele ‘showzinho’ a minha situação ficaria muito complicada.”. Mesmo sob ameaça, o ciclista decidiu por seguir com a ocorrência e insistiu em ir a delegacia fazer um Boletim de Ocorrência contra o motorista e também contra a senhora.
O motorista guiando o ônibus, a senhora na viatura e Rodrigo pedalando, foram todos para o 28º DP. “Aí que eu não sabia mais o que fazer. Sem bateria no celular, comecei a ser acusado pela delegada. Ela dizia que devia estar descansando ao invés de dar atenção ao meu ‘showzinho’ e tentou de todas as formas me coagir a não fazer o BO. Dizia que seria para o meu próprio bem. Como ela não conseguiu me convencer, resolveu virar o jogo, segunda palavras da mesma. Eu sai às quatro horas da manhã da delegacia acusado de agressão contra Elaine Severinny, com o motorista como testemunha!”, relata Rodrigo Souza.
A agressão registrada pela delegada, decorre de uma marca da coroa da bicicleta de Rodrigo na perna da senhora. Segundo o ciclista, o hematoma se deu por conta das tentativas de Elaine de tirar a bicicleta da frente do ônibus. “Ela ficou tentando por diversas vezes tirar a bike da frente do ônibus. Eu puxava de volta, claro! E em um desses vai e vem da bicicleta, a coroa bateu na perna dela.”
Rodrigo já procurou um advogado e está intimado a comparecer à Audiência Pública de Conciliação no começo de maio, acusado pela Lei Maria da Penha. Um amigo de Rodrigo procurou a Viação Transportes Barra e relatou o ocorrido. Segunda a empresa, o motorista seria afastado para treinamento voltado a proteção do ciclista, mas até agora nada foi confirmado.
Para nota de esclarecimento, devido as muitas críticas que Rodrigo recebeu por estar pedalando na pista da esquerda, ele declara: “O Rio de Janeiro é um cidade perigosa e o roubo de bicicletas está em alta. Amparado pela legislação, pedalo muitas vezes pela esquerda para evitar tentativas de assalto. Além de evitar finas de motoristas desatentos que fazem conversões ou mesmo das paradas dos ônibus em seus pontos.”, explicou o ciclista.