Bicicletada Nacional: ciclistas de todo Brasil pedem mais rigor a crimes de trânsito
Essa bicicletada foi mais um ato para mostrar que nós somos muitos e não deixaremos as coisas ficarem como estão. A rua é um lugar para todos, onde todos devem zelar pela vida do próximo
Planejada há de mais de um mês, a Bicicletada Nacional Contra a Impunidade nos Crimes de Trânsito aconteceu essa sexta-feira (26), em diversas cidades do Brasil e também da América Latina. Capitais como Brasília, Rio de Janeiro, Florianópolis e até Montevidéu, no Uruguai, fizeram parte do movimento.
Giuliana Pompeu
Estudante Carlos De Nicola segurando as sobras de sua bike
Em São Paulo, quase 200 ciclistas se reuniram na Praça do Ciclista, mobilizados por maiores punições em casos de mortes no trânsito causadas por motoristas embriagados ou imprudentes.
Só no ano de 2014, segundo Relatório Anual de Acidentes de Trânsito, 47 ciclistas foram mortos por atropelamento, – o levantamento não leva em conta aqueles que são encaminhados em estado grave para o hospital e falecem após 30 dias.
Na grande maioria dos casos de atropelamentos, os motoristas são acusados de homicídio culposo (quando não há intenção de matar), mesmo que esses omitam socorro e fujam do local. Casos conhecidos como de Thor Batista, filho do empresário Eike Batista, que em março de 2012 atropelou e matou um ciclista que cruzava a Rodovia Washington Luís (BR-040), na altura de Xerém, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, indignam pela falta de punição.
Mais recentemente, o atropelamento e morte do ultramaratonista Claudio Clarindo, na baixada santista, também causou comoção entre aqueles que pedalam ou que amam o esporte em duas rodas.
O intuito do protesto dessa sexta-feira foi gritar que essas mortes não são por acidente, mas sim por uma profunda impunidade que ainda existe no nosso código de trânsito, que protege os assassinos motorizados e coloca em risca a vida daqueles que não podem, ou não querem, estar dentro de um carro.
Essa bicicletada foi mais um ato para mostrar que nós somos muitos e não deixaremos as coisas ficarem como estão. A rua é um lugar para todos, onde todos devem zelar pela vida do próximo, lembrando-se sempre do nosso Artigo 29 do CTB, que determina que os veículos maiores zelem pela segurança dos menores.
O estudante da foto é Carlos De Nicola, um ciclista que por hora não pedala mais por receio da violência no trânsito. “Eu comecei a pedalar em São Paulo faz alguns meses e já fui atropelado duas vezes, na última além dos machucadas, minha bicicleta ficou toda quebrada.”, conta o ciclista segurando a roda retorcida.
Quando disse para não desistir, ele me respondeu: “Preciso estar vivo para defender outras causas também.”