Cicloturismo: De bicicleta sob o sol da Toscana

Cicloturismo

Cicloturismo: De bicicleta sob o sol da Toscana

Paulo de Tarso
3 de fevereiro de 2016
Tempo aproximado de leitura: 5 minutos

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A luz de fim de tarde é clara, quase dourada, e incide sobre o cenário que passa. Campos de girassóis e bosques de ciprestes se intercalam com colinas suaves e vilarejos tirados de filmes. A cada aldeia, as ruas se estreitam, e o clima ganha em magia. As casas de terracota desbotada, os becos, e nós ciclistas deslizando pelas ruas.

A Toscana reserva belezas a cada época do ano. No verão e na primavera, a profusão de tons avermelhados marca o cenário.

Lugares, momentos e atmosferas, alternando-se com harmonia. Rotas que levam a descobrir pequenos povoados medievais e vinhedos, bosques e Olivares, campos e antigas praças. O trajeto, nada plano, nos faz seguir com um espírito de viagem tranqüila, que nos permite recriar-se na atmosfera dos lugares. Cada um segue o trajeto de acordo com as capacidades individuais e ao grau de entretenimento, uma viagem realizada em sete etapas, a cada dia se hospedando em um local diferente com bastante conforto, charme e requinte, ideais para os percursos de bicicleta.

Famosa por seus vinhos e de um queijo que oferece uma variedade de sabores e texturas. Maravilhosa para se pedalar, com um relevo recortado por uma sucessão de colinas suaves, e as paisagens toscanas, a natureza transformada sempre com um sentido latente do belo. Os vinhedos dos Monti del Chianti, de Monterregioni, de Montalcino (pátria do incensado Brunello), ou de Montepulciano. Na Toscana, falar de um vinho é falar também dos pratos que com ele combinam.

O percurso:

A Toscana tem uma dezena de estradinhas que serpenteia entre os vinhedos carregados de história. As estradas não violentam a topografia, mas se ajustam docilmente a seus contornos. Equilíbrio e elegância são as palavras que o cenário sugere.

Desde 2008 o Sampa Bikers organiza um roteiro de 350 quilômetros no coração das Terras de Siena, quase sempre seguindo a rota da “L’eróica” que, uma região conhecida por seus ótimos vinho e as belas paisagens.

O trajeto se desenvolve por estradinhas típicas da Toscana, de Siena a Rada in Chianti, pedalando quase sempre por caminhos de terra branca, atravessando o Chianti as Crete e o Vale de Orcia, realizando uma viagem pela essência artística e da legendária paisagem da Toscana, ornadas por ciprestes, entrando em uns mundos mágicos, feitos de grandes espaços e horizontes ondulados. As casas, de pedra ou alvenaria, sem pintura, dão idéia de simplicidade. Parecem ter brotado do solo de tão integradas ao lugar. Pedalando pela crosta e ondas que separam o oceano da terra de Crete e dos verdes bosques de Val di Merse. Murlo, e as ruelas da civilização etrusca são uma etapa importante e agradável nesta viagem.

Uma vez atravessado o rio Ombrone, e cruzando as vias da linha do “Trenó Natura”, ascende por um caminho de terra branca de Castiglion Del Bosco, que leva até a espetacular altura de MONTALCINO, perto do Passo Del Lume Spento, o poeta italiano Alonso Gatto, definiu como “janela para o apocalipse”. Entre os nobres vinhedos de Brunello, desce até o ponto do Vale de Orcia e se funde com o Vale de Asso. Perto de Torrenieri, abandona-se o asfalto para transitar pelo caminho de Cosoana, um dos traçados de terra branca mais bela da Toscana: um trunfo é a chegada ao povoado medieval de Lucignano d’Asso, antes de regressar pelo fundo do Vale de Asso, e fazer uma subida a San Giovanni d’Asso, pátria da trufa, o ouro branco de Crete. Através do caminho de terra branca de Pievi a Salti para aterrizar em Buoncovento, Poe onde cruza a Via Cássia. Depois de um breve trecho seguindo as ruelas da Via Francigena, voltamos para a magia de Crete, percorrendo os caminhos de terra branca que vão deixar belas recordações:

O que fica marcado na viagem:

Roteiro passa em maioria por pequenas estradas de terra, conhecida como Terras Brancas alternando com pequenas estradinhas asfaltadas, sempre sinuosas, rodeadas por vinhedos das regiões da Toscana.

As cidades de Florença e Siena, os dois principais centros de produção artística da Toscana.

A bela e luminosa Piazza del Campo, em Siena.

A subida ao topo da Torre del Mangia, também em Siena, a segunda mais alta de Itália,

Cada pequeno burgo toscano guarda uma identidade própria e irredutível, e o seu espaço urbano é uma narrativa cativante.

O caminho de Montauto e o extraordinário caminho de Monte Sante Marie.

Os 20 quilômetros de subida até Montalcino, que está situada no topo de uma colina a 570 metros de altitude forrada de vinhedos e oliveiras.

As várias degustações de vinho, principalmente na região de Montalcino, que produz o vinho tinto mais nobre da região, o Brunello di Montalcino.

Os castelos e as cidades medievais pelo caminho.

As belas pastas e sorvetes da região.

Viagem pelas terras brancas voltando à vida cotidiana em Asciano.

Em Castelnuvo Berdadenga se tem a zona de Chianti.

Trigo, olivais, plantações de trigo estendem-se até o horizonte, voltam a dar paço aos vinhedos, bodegas e vinhos.

As videiras em flor contrastam com os telhados dos castelos e das “villas”.

A parte final do itinerário transcorre por pequenas igrejas e áreas agrícolas, ao longo da estrada de Vagliagli.

A valiosa paisagem de Chianti, e pedalamos até Vetrine, a última das jóias de pedra, antes de baixarmos do selim na Praça de Gaiole, ponto de saída e chegada
da inesquecível viagem de bicicleta.

Características Técnicas:

Toscana é uma região da Itália central com cerca de 3,5 milhões de habitantes, uma das maiores regiões italianas em território e número de habitantes, tem como capital a cidade de Florença

Tipo do caminho: Estradinha de asfalto e terra.

Bicicleta ideal: Híbrida ou mountain bike.

Dificuldade: média, para quem está acostumado a pedalar distâncias em torno de 40 quilômetros por dia em todo o tipo de terreno, com subidas.

Na Toscana, é quase impossível viajar com uma programação exata e preconcebida. Ao contrário, são o prazer e a surpresa que regem um roteiro pela região conhecida não só por sua magnífica paisagem, mas também pela excelente gastronomia. Por isso essa é uma viagem de puro ciclo turismo, talvez a forma mais livre para se viajar.

Quem leva? O Sampa Bikers estará organizando essa ciclo viagem de 5 a 12 de Junho. Mais informações acesse aqui!

Paulo de Tarso

Arquiteto Urbanista e Presidente do clube de ciclistas Sampa Bikers . Além de ser pioneiro no mountain bike e em organizar cicloviagens no Brasil. É um dos mais experientes guias de cicloturismo do país.