Diário das Magrelas: Por que fazer igual se podemos fazer diferente?
Por quantas vezes em uma subida esperamos que o motorista diminua a velocidade, compreendendo que um humano em uma bike jamais vai poder acompanhá-lo?
Estava eu pedalando pela Ciclovia da Avenida Paulista, quando fui ultrapassada por um senhor em uma pedelec. Sem problemas! Continuamos em nossos ritmos e não precisaríamos sair dele no farol que se aproximava, afinal ele estava verde para o fluxo de bicicletas e de carros.
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Por que fazer igual se podemos fazer diferente?
A Ciclovia da Paulista é uma estrutura nova em um ambiente que recebe por dia ao menos um milhão e meio de pedestres. Sim, é natural que por vezes essas pessoas saiam dos estreitos bolsões destinados a elas no meio da ciclovia. E isso pode acontecer por n motivos, inclusive por ela estar distraída ou em um dia difícil.
Para além do Artigo 29 do nosso Código de Trânsito Brasileiro – que determina que o veículo maior sempre deve zelar pela vida do menor, ou seja ciclistas cuidam dos pedestres -, existe uma coisa chamada bom senso, ou melhor dizendo, empatia!
Segundo o dicionário, “Empatia significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela. Consiste em tentar compreender sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo.”
Empatia não é um sentimento sempre recíproco, se trata mais de uma filosofia de vida que podemos escolher seguir. Se colocar no lugar do outro antes de realizar qualquer ação. Acredite, essa experiência pode não apenas salvar nosso trânsito, como muitos relacionamentos.
Como essa pessoa pode se sentir se eu disser isso? O que eu poderia fazer para tornar essa situação melhor para todos? São algumas perguntas que podem fazer toda diferença quando propostas para nós mesmos.
Vamos mais além…
Por quantas vezes você não se perguntou durante um pedal e após uma barbeiragem, por que o tal motorista não pensou que poderia te machucar. Sentimos uma constante falta de empatia, sem nem precisar nomeá-la. Sentimos falta porque esperamos que o outro se coloque em nosso lugar, compreenda que não lhe custa nada um pouco de amor ao próximo.
Mas também não nos custa nada parar nossas bicicletas e deixar que com segurança o pedestre se reposicione de maneira a não atrapalhar o fluxo. Por quantas vezes em uma subida esperamos que o motorista diminua a velocidade, compreendendo que um humano em uma bike jamais vai poder acompanhá-lo?
Mas nessa manhã, a mulher nitidamente distraída tomou uma fina do senhor na pedelec. Eu parei e não cheguei nem três segundos atrasada!