Será que as gerações futuras tendem a ver o carro com outros olhos?
A cada ano que passa vemos mais carros e violências relacionadas aos veículos motorizados na cultura popular. Ultimamente parece quase obrigatório os filmes possuírem cenas de perseguições...
A cada ano que passa vemos mais carros e violências relacionadas aos veículos motorizados na cultura popular. Ultimamente parece quase obrigatório os filmes possuírem perseguições, que além do caos gerado nas cidades, normalmente mostram dezenas de carros sendo destruídos, explodidos, incendiados, amassados…

O filme Blue Brothers ilustra esse fetiche, ironizando com uma longa cena de carros policiais formando uma pilha de metal retorcido:
Os exemplos são muitos, com os carros sendo tão relevantes quanto o próprio protagonista, como os famosos: batmobiles (carros do batman), ou carros do James Bond / 007, ou mesmo o clássico do James Dean: Juventude Transviada. Por que nos filmes é tão raro vermos pessoas se locomovendo com veículos não motorizados? Talvez por que a indústria automotiva patrocine os filmes, ou talvez os veículos não motorizados, como as bikes, não representem o veículo ideal no imaginário popular. Por que os acidentes de trânsito são tão comuns e até banalizados nos filmes? Desde quando espetáculo é sinônimo de destruição? O imaginário está decadente, isto é um fato, mas existe algum modo de reverter essa decadência na nossa cultura?

O mesmo contexto parece ser cada vez mais comum em jogos eletrônicos; quem conhece sabe que atropelar pessoas tem sido normal nos jogos; podendo até resultar em prêmios para o jogador. Como um jogador eletrônico de longa data, confesso ter jogado a maioria dos jogos tidos como violentos e perigosos pela mídia popular (como: Carmageddon, GTA, Watchdogs…).
Nunca gostei muito dos carros; tirei a minha carteira de motorista por impulso, mas não cheguei a usar no cotidiano. Mesmo assim me vejo frequentemente, me divertindo com filmes e jogos que tratam os acidentes de modo apático, com bons graus de sanguinolência e sadismo. Será que essa apatia generalizada afeta o modo como agimos fora da realidade virtual?
Edu Cole
o papel do carro na cultura popular
Alguns argumentariam que sim, pois vários massacres tiveram relação direta com o uso de “vídeo-games”. Uma boa resposta para tanto, seria fazer um paralelo entre a violência e os filmes; ou mesmo os programas de rádio de antigamente. Todos esses veículos de entretenimento tem uma boa dose de dor e sofrimento alheios. Fora que a maioria dos jogos violentos teve inspiração em filmes.
Outros argumentariam que precisávamos censurar jogos e filmes; para eles eu responderia que só conheci os jogo Carmageddon por causa da polêmica gerada pela censura; polêmica que persiste até hoje:
Recentemente comecei a pensar em como o carro tem estado presente no meu imaginário, com filmes, jogos, mercado de designers… Porque o carro é um personagem tão constante no entretenimento? Será que a proibição dos carros nos grandes centros pode mudar esse imaginário? Será que o carro algum dia vai se tornar o vilão do entretenimento, como o cigarro se tornou? Será que as gerações futuras tendem a ver o carro com outros olhos?
Entendo que ao compartilhar minhas experiências, talvez esteja ajudando a reverter esse imaginário. Por isso seguem algumas sugestões para filmes e jogos mais lúdicos.“O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”, é um filme fabuloso, ótima fotografia, direção, roteiro, personagens, atores… Mas o principal é o fato de possuir um contexto imaginário rico e otimista (do seu modo). Outro filme com as mesmas qualidades seria “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus”, que considero ter o que chamo de “imaginário ascendente”; onde a história se enriquece mais com os desejos e paixões, do que com os medos e as mentiras. Para fechar as sugestões cinematográficas recomendo o filme “Upper Dog”, que mostra os dois lados da moeda: o lado decadente e o lado ascendente do imaginário.
Em relação aos games, é difícil de explicar a experiência de narrativas como o jogo “Braid”, com artes e jogabilidades únicas. Desde a música, até as animações, desenhos, roteiro, ações, possibilidades; tudo primoroso. Outro jogo que merece a divulgação, mas que seria difícil de traduzir a experiência em palavras é o “World of Goo”, inteligente, bonito e intuitivo, são alguns dos adjetivos que pude pensar para este jogo, que pode divertir bem engenheiros mirins. Finalizando as sugestões de jogos lúdicos temos o “Limbo”, que assim como o “Upper Dog”, também mostra os dois lados da mesma moeda.