Na última quinta-feira, 13 de agosto, a omissão do poder público acabou causando um conflito entre um ciclista e moradores de Porto Alegre. Eduardo Cambraia Costa ia para o trabalho de bicicleta, quando se deparou com vários carros invadindo a ciclovia de Ipanema, no bairro de mesmo nome.

Acontece que a avenida Guaíba, que corre ao lado, está interditada por conta de obras e a prefeitura não colocou sinalização ou deu orientação a quem vai de carro. Os motoristas passaram a usar a ciclovia nos últimos dias. 

Como forma de protesto, Eduardo deitou na ciclovia e o que se segue é um debate acalorado com pessoas que passavam por ali, como você pode ver no vídeo acima. “Pior que eu sou ciclista também, mas odeio gente radical. Eu sou moradora do bairro, tu não é morador daqui, tu não manda no bairro”, diz uma mulher.

“Eu acho que ciclista tem que ter direito a ciclovia, mas aqui é um bairro diferente”, argumenta um rapaz. Após muita discussão, dois outros homens chegam a ameaçar o ciclista fisicamente.

O vídeo captado por João Adures Pich é apenas a ponta do iceberg de uma situação que só piorou depois das primeiras cenas gravadas na quinta-feira. Após o vídeo publicado no perfil de João e mais de 2.400 compartilhamentos, o caso ganhou espaço na mídia e durante o último sábado (15) Eduardo foi convidado a dar entrevista para uma emissora de televisão.

Durante as gravações, o cozinheiro de 44 anos relata ter sido agredido com um soco na boca por um fiscal da obra, que está sendo realizada pela Jm Golden Empreiteira. “Quando a Brigada Militar chegou no local, se indispôs a registrar o ocorrido e me orientou a procurar a Polícia Civil, além de ter tido a cara de pau de me aconselhar a não passar mais no local.”, comenta Eduardo.

Certo de seus direitos como ciclista, Eduardo registrou o Boletim de Ocorrência e abriu um processo contra a Associação do Bairro de Ipanema e contra a empresa Jm Golden Empreiteira que, segundo ele, nega a agressão pelo funcionário.

Após a polêmica, a Empresa Pública de Transportes Coletivos de Porto Alegre (EPTC) passou a orientar a população local a compartilhar a ciclovia durante os dias da semana, restringindo a circulação de veículos automotores na via exclusiva apenas aos sábados e domingos.

“Eu não sou um ativista da bike, sou um ciclista e vejo essa decisão de uma forma negativa. A ciclovia é de uso exclusivo dos ciclistas, é lá o lugar dele. E ao invés de a EPTC orientar os automóveis a usarem caminhos alternativos, eles restringem um direito que é nosso. E mais, a obra não é pequena. Deve se estender ainda por um longo período!”, lamenta Eduardo.