O abençoado Caminho de Santiago de Compostela
Se você não é católico, não acredita em São Tiago e muito menos em remissão de pecados, vá assim mesmo, além de todas as experiências vividas o mais importante acima de tudo é estar no caminho.
Passar dias e dias pedalando, dormindo em albergues, pagando os pecados pedalada por pedalada, talvez nem o próprio São Tiago agüentasse. A decisão de fazer o caminho deve ser bem estudada. Procurar diferentes pontos de vista, buscar informação em livros e outros documentos é fundamental.
Fazer o caminho de Santiago é um conceito flexível, sem começo, apenas com meio e fim. Ser peregrino é andar a pé ou a cavalo 100 quilômetros , ou de bicicleta pelo menos 300. Além disso , cada um faz o percurso que pode.
O presente para a missão cumprida é entregue em Santiago, ao lado da catedral, e se chama compostelana. Para obtê-la, o peregrino tem de apresentar sua credencial com os carimbos em forma de concha dados nos albergues de peregrinos por onde passa e, na maioria das vezes, onde dorme
A Espanha é um país menor que o estado da Bahia, dividido em cinqüenta províncias que, agrupadas entre si, formam onze regiões (ou comunidades) onde se concentram diferentes etnias, com línguas e culturas próprias e um certo grau de autonomia política.
A vertente mais famosa do Caminho de Santiago, o Caminho Francês, começa no País Basco e termina na Galícia, duas das mais peculiares dessas regiões espanholas. São dois mundos distintos, apesar da igual beleza da paisagem e da sempre generosa acolhida do povo espanhol. As terras bascas, nas quais o peregrino avança cerca de um terço da viagem, até a cidade de Logroño, são como um barril de pólvora prestes a explodir – a maioria da população deseja a independência da região. Já a Galícia resume uma Espanha eminentemente camponesa, tranqüila, verde e agrícola, que avança até a costa do Atlântico. Tais diferenças revelam outra diversidade cultural. Muda a arquitetura das casas costumes e, principalmente, a língua. O galego , por exemplo, poderia ser classificado como uma versão genuína do portunhol – é o espanhol mesclado ao sotaque e à forma do português clássico, de Portugal.
Escolha da rota: Existem várias rotas: Caminho Francês, Caminho Aragonês, Caminho Português, Caminho do Norte e Via de La Plata. A rota mais conhecida é o Caminho Francês, de aproximadamente 748 Km . O Caminho Francês se encontra com o Caminho Aragonês em Puente de La Reina, a 672 Km de Santiago de Compostela, e de lá tornam-se um só até o final.
O cotidiano de um peregrino parece metódico, mas jamais é monótono. Ele acorda cedo, ainda antes do sol. Um bom café e pedal na estrada, eis a receita do dia. O Caminho de Santiago não é uma trilha linear, única, que corre sempre por um mesmo tipo de terreno. Ora cruza pastagens, ora lavouras, ora autopistas e às vezes é mesmo uma trilha picada aberta no meio da vegetação. Parece complicado, mas é difícil de se perder. Por todos os lados, placas de metal, antigos marcos de concreto ou simples setas amarelas pintadas em rochas e paredes orientam a direção do peregrino.
O trecho que corresponde à metade da viagem é um dos maiores desafios aos peregrinos, física e psicologicamente. No longo pedaço entre as cidades de Logroño e Leon, a Espanha é árida, com uma paisagem de pouca variação, de campos ocupados por vinhas e pastagens para rebanhos ede carneiros. Há trechos de relevo acidentado como na região dos Montes de Oca. Em compensação, é um momento do caminho excepcionalmente rico em heranças da história espanhola, com belas vilas e igrejas medievais, como Castrojeriz, Fromista e San Juan de Ortega. Outra parada é a cidade de Burgos, dona de uma fantástica catedral gótica. Nessa metade da jornada o peregrino testa seus limites. Ele já não tem a euforia do início da viagem, nos Pirineus, e nem vive a ânsia de chegar a Santiago de Compostela, ainda distante.
Santiago de Compostela é a Capital da Galícia e principal centro cultural e administrativo desta comunidade. Sua população é de 120.000 habitantes e seu índice de crescimento é o mais alto da Galícia. É uma cidade movimentada, por causa dos muitos visitantes e da vida agitada dos jovens de toda a Galícia que enchem a universidade local. Tudo ali gira em torno da mítica Praça do Obradoiro verdadeira clareira entre ruelas do centro histórico e onde se concentram as três principais construções antigas da cidade: a Catedral de Santiago, o Palácio do Ayuntamento e o antigo hospital de Los Reyes Católicos. O objetivo é alcançar o túmulo de São Tiago. A reação dos peregrinos ao chegar a praça é imprevisível. Uns choram ao entrar na igreja, alguns admiram sua beleza, outros vêem simplesmente como o complemento da viagem e querem mais é descansar. O presente para a missão cumprida é entregue em Santiago, ao lado da catedral, e se chama compostelana. Para obtê-la, o peregrino tem de apresentar sua credencial com os carimbos em forma de concha dados nos albergues de peregrinos por onde passa e, na maioria das vezes, onde dorme.
A catedral de Santiago de Compostela recebe seus visitantes como nos séculos passados. Nas grandes missas, os padres reúnem-se no fim da celebração para a cerimônia do Botafumeiro, o incensário gigante que tem que ser impulsionado por vários homens.
Se você não é católico, não acredita no poder de São Tiago e muito menos em remissão de pecados, vá assim mesmo, além de todas as experiências vividas o mais importante acima de tudo é estar no caminho.
Confira aqui mais detalhes e dicas sobre o Caminho de Santiago de Bicicleta!