Entenda em detalhes a transmissão da bicicleta
A corrente faz a ligação entre as coroas e o cassete e é a principal responsável por fazer a transferência de força para as rodas.
Algumas pessoas me perguntam, como e quais peças compõem a transmissão da bicicleta. Eu costumo classificar o sistema de transmissão, como sendo o sistema que efetivamente é usado para transmitir a força do ciclista para que a roda da bicicleta gire.
Divulgação/Brasil Enduro Series
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Por exemplo, os câmbios e passadores (sejam eles de mountain bike ou ciclismo), não entram neste grupo, apesar de serem fundamentais e necessários para o funcionamento do sistema. Pois não sofrem a força direta vinda da perna do ciclista.
Uma observação a ser feita é que, pedais e sapatilhas também são peças fundamentais para a eficaz transmissão de força (mas não somente para isso) para que as rodas se movimentem. Assunto já divulgado em um dos meus primeiros textos.
Portanto, classifico como transmissão o que transmite força, ok?
A transmissão de uma bicicleta convencional, a qual conhecemos é composta por algumas peças. Sendo elas: movimento central, pedivela, coroas, corrente e cassete. Vamos explorar cada uma delas.
Movimento Central- É chamado de movimento central o cartucho de rolamentos selados (ou não) ou rolamentos que se encaixam no quadro , na junção entre o Down Tube (tubo inferior do quadro), Seat Tube (tubo do selim) e Chain Stays (tubos inferiores do triangulo traseiro). Encontrado em várias medidas, cada uma delas específica para modelos de quadros e pedivelas diferentes.
Peça onde são encaixados os “braços” do pedivela (em modelos mais antigos popularmente chamados de “3 Peças”). Nos modelos mais novos o movimento central é composto somente pelos rolamentos e um tubo plástico de vedação que nem sempre se faz necessário, pois o eixo já vem integrado ao pedivela. Tal tecnologia (cada marca classifica com um nome) deixa este sistema mais leve e mais rígido (com menos torção) otimizando a transferência de potência.
Pedivela- Pessoal vamos começar pelo básico. Já ví vários sites de lojas, notícias e revistas com o nome “Pé de Vela” e “Pedevela”. O correto é pedivela, da mesma forma que manivela. São estes, os braços onde são presas as coroas e os pedais da bicicleta.
Normalmente são encontrados em 3 medidas: 170 mm 172,5 mm e 175 mm. A escolha vai variar de acordo com a característica física e de pilotagem de cada ciclista. Escolha esta, que deve ser feita levando em consideração o tamanho das coroas. Normalmente pedivelas maiores acompanham coroas maiores e são usados por ciclistas que tem mais característica de força bruta (Sprinters) pois com uma alavanca maior otimiza-se a aplicação de força.
Pedivelas menores geralmente acompanham coroas menores (50/34) e são usados por escaladores e ciclistas que giram bastante. Para funcionar, o pedivela deve ser compatível com o movimento central. Outra diferença é que hoje no mercado encontram-se pedivelas com 1, 2 ou 3 coroas. Abordaremos isso em outro texto.
Coroas- As também popularmente chamadas de engrenagens ou de “volantes”, por alguns ciclistas old school, são presas ao pedivela por quatro ou cinco parafusos e podem ser fabricadas em diversos materiais: aço, alumínio e até mesmo em um composto de alumínio com fibra de carbono, o que influi diretamente no peso do conjunto.
No mountain bike usa-se geralmente três, duas ou uma coroa, em diversos tamanhos, os quais devem ser escolhidos de acordo com características de pilotagem e diferenças de terreno (percurso). No ciclismo sempre foram usadas duas coroas presas ao pedivela, sendo elas maiores que as de mountain bike, ultrapassando 50 dentes.
Provavelmente em breve chegará ao mercado uma transmissão de ciclismo otimizada com apenas uma coroa.
Cassete- O cassete é constituído por várias engrenagens presas em um corpo de metal alocado no freehub do cubo traseiro. Pode-se encontrar no mercado esta peça composta por sete, oito, nove, dez e onze engrenagens, popularmente chamadas de pinhões.
Uma maior quantidade de engrenagens nem sempre indica que teremos mais marchas para usar. Na mountain bike de três coroas, por exemplo, não podemos combinar coroa maior com pinhões maiores e nem coroa menor com pinhões menores. Porém, quanto mais pinhões tivermos, melhor será o escalonamento entre eles, fazendo com que o ciclista não sinta uma diferença muito brusca na passagem de um pinhão para outro.
A diferença de matéria prima e processos de construção tornará sempre esta peça mais leve e mais cara (como em todas as outras peças da bicicleta).
Corrente- Deixei ela por último pois na minha concepção esta peça é a alma da transmissão e nem todos os ciclistas dão a ela a atenção que merece. A corrente faz a ligação entre as coroas e o cassete e é a principal responsável por fazer a transferência de força para as rodas.
Sua espessura varia de acordo com o número de marchas da bicicleta e hoje temos linhas específicas para ciclismo e para mountain bike. As mais top possuem designs vazados (entre elos e pinos) para diminuir o peso, e um tratamento especial de material (acabamento) , o que influi diretamente na durabilidade.
Falar em durabilidade de corrente é algo relativo, pois não há regra. O desgaste da corrente de duas bicicletas que rodaram no mesmo terreno e com a mesma quilometragem, podem ser diferentes. Isso se dá pela forma como cada um pedala, pela forma e sensibilidade com a qual cada um troca de marchas e pela devida limpeza e lubrificação deste sistema. Passe regularmente em sua loja de confiança e peça para que meçam o desgaste. Existem ferramentas para este fim.
O ideal é que esta peça (assim como todas as outras) seja instalada por um profissional em um bike shop de confiança e que use ferramentas específicas e de qualidade.
Você já imaginou que a 70 km/h ou mais os atletas despejam sua potência sobre a bicicleta e é a corrente que segura esta bronca? Não é exagero, um descuido pode ser a diferença entre viver ou morrer! É como eu digo sempre: Cuide da sua bicicleta e ela cuidará de você!
Bons pedais!