Diário das Magrelas: a decisão de usar a bicicleta como meio de transporte
Já me via sentada, ou em pé, dentro do ônibus a admirar as novas ciclovias e ao chegar no trabalho precisa escrever sobre elas, aquelas mesmas que acabara de passar em frente, sem a bike.
Comecei a pedalar há pouco mais de três semanas, nesse tempo meu olhar sobre a cidade já mudou bastante e percebo que a cada dia e situação ele muda ainda mais. Não quero com esse texto relatar minha vida, mas sim contar sobre minha decisão por me locomover de bicicleta. Contudo, vejo necessário o esclarecimento de algumas questões prévias a minha decisão.
Edu Cole
Começar a andar de bike me trouxe mais saúde e mais liberdade, sem contar na economia
Assim como quase tudo em nossa sociedade, a lógica de mobilidade é um conceito passado por tradição familiar. Ou seja, até que você o questione e o mude, sua locomoção é feita como é de costume em sua casa. Até o final do meu colegial, meu meio de transporte eram as caronas, com isso quero dizer o carro. Logo de manhã cedo estava dentro de um veículo motorizado a caminho da escola, até mesmo no dia do rodízio eu ia de taxi.
Meu sonho de consumo para os meus 18 anos não era um carro, mas isso só porque tinha consciência de que não poderia ser e que eu teria que andar muito de transporte público até de fato poder ter um carrinho popular. Minha faculdade começou e junto vieram os pontos de ônibus, as eternas esperas pelos mesmos, a dificuldade de fazer trajetos de mais de uma hora em pé, congestionamentos caóticos que me faziam esperar por mais que o dobro do tempo para chegar ao meu destino e mais tudo aquilo que envolve a difícil saga de se locomover com transporte público.
No final do ano de 2014, tive o prazer de ser chamada para trabalhar na produção do Bike é Legal, onde todos os dias escrevo sobre mobilidade, esportes, eventos e tudo que envolva a magrela. Antes mesmo de começar a trabalhar aqui, já questionava a lógica de mobilidade que se vende por aí, um carro já não era mesmo meu sonho e toda a produção no Bike é Legal, aliada a experiência de ser a única na redação a não pedalar diariamente, foi me deixando com o pé coçando por um pedal e concretizando minha escolha por uma mobilidade por bicicleta.
Já me via sentada, ou em pé, dentro do ônibus a admirar as novas ciclovias e ao chegar no trabalho precisa escrever sobre elas, aquelas mesmas que acabara de passar em frente, sem a bike.
Deu pra entender né, comecei a andar de bike! Primeiro pedalei por duas semanas com as famosas laranjinhas do Bike Sampa, mas, reforçando a ideia do meu amigo Edu Cole “ Bike melhor = Pedal mais fácil”, decidi fazer um justo investimento numa boa bicicleta, para que meus percursos ficassem mais agradáveis e também muito mais seguros.
Como já disse, nesse tempo já aconteceram muitas coisas para me tornar uma verdadeira ciclista urbana. Já andei no meio dos carros, tomei fechada de motorista que pensa que seta é item de luxo, tomei chuva sem e com capa, enfim já aconteceu muita coisa. Quero agora por meio de diários do meu cotidiano ciclista, compartilhar com vocês as boas e más experiências de se aventurar com a magrela na selva de pedras. Sendo assim, até o próximo texto!