UCI e equipes detonam possível retorno de Armstrong
O mundo do ciclismo reagiu com mau humor à notícia sobre a possível volta de Lance Armstrong às estradas do Tour de France.
O mundo do ciclismo reagiu com mau humor à notícia sobre a possível volta de Lance Armstrong às estradas do Tour de France. O americano é o convidado especial de uma corrida beneficente que percorre os trajetos do Tour um dia antes das provas oficiais.
Na manhã desta terça-feira (17), o presidente da União Ciclística Internacional (UCI) Brian Cookson pediu que Lance abandone o “muito desrespeitoso” plano. “É completamente inapropriado. Acho desrespeitoso com o Tour, com os atuais ciclistas do pelotão, com a UCI e com as atividades antidoping. Lance deve ser aconselhado a não participar”.
Entretanto, Cookson admite que não tem autoridade para proibir a participação do ex-atleta. “Lance Armstrong pode pedalar com sua bicicleta pela França quando quiser, nem eu ou a UCI temos nada a ver com isso.”
A reação do mandatário da entidade que rege o esporte também passou pelos motivos do evento: arrecadar fundos para o combate ao câncer. “A justificativa da caridade foi bastante usada ao longo da carreira de Armstrong e nos colocou numa bagunça que agora está muito bem documentada. Eu não consigo pensar numa palavra melhor que desrespeitoso.”
Reprodução/Youtube
Em entrevista ao britânico Times, o chefe do Team Sky classificou a ideia como “uma gigante distração” para o mais importante evento do ciclismo mundial. “Lance já causou danos suficientes ao Tour e ao esporte. Ele já voltou uma vez que não deveria e não acho que ele deva retornar dessa vez também”, disse relembrando 2009, quando Armstrong deixou a aposentadoria para correr pela Astana – o americano foi oficialmente banido do ciclismo em 2012.
Alguns comandantes também falaram ao Cycling Weekly durante etapa da Tirreno-Adriatico nesta semana. “É bom que ele faça o que ele faz pelo câncer, mas porque usar o Tour de France? Há tantas outras coisas que ele pode fazer. Vamos deixar outras pessoas brilharem no Tour. Ele teve seu momento e fez o que fez. Vamos seguir em frente”, diz Doug Ryder, líder da MTN-Qhubeka’s.
“É um pouco louco ele querer atrair marketing para si mesmo. Toda vez que o Tour de France se aproxima, parece que algumas pessoas voltam das trevas querendo publicidade.”
“Ele é livre para fazer o que quiser. E o que ele quer parece ser ganhar atenção da mídia de novo”, critica Marc Reef, da Giant-Alpecin.
Outros representantes, se não exatamente favoráveis, minimizam a importância dada às notícias. É o caso de Valerio Piva, diretor de esportes da BMC Racing. “Cada um de nós é livre para fazer o que quiser. Pra mim, quanto mas atenção damos, mais ele quer fazer. Ele está pagando (pelo doping), mas também não podemos mantê-lo trancado em casa como se fosse numa prisão”, pondera Piva.
“Ele está fazendo por caridade, de coração. Não tenho nada contra, só que é um problema darmos tanta atenção. O que mais ele pode fazer da vida?”, questiona Steven de Jongh, da Tinkoff-Saxo.
Christian Prudhomme, diretor de prova do Tour de France, também tentou abafar a polêmica. “Ele é livre para isso, afinal as estradas são abertas ao público, mas certamente seria um evento midiático.”