Ciclovia do Boulevard e a polêmica em Manaus sobre a retirada do espaço para pedestres
Muito tem se falado nas mídias sociais e na imprensa em geral sobre a ciclovia do Boulevard (em Manaus), seu custo, funcionalidade, e principalmente sua localização no canteiro central.
Muito tem se falado nas mídias sociais e na imprensa em geral sobre a ciclovia do Boulevard, seu custo, funcionalidade, e principalmente sua localização no canteiro central e não na pista de rolamento da via e a retirada do espaço do pedestre.
Divulgação/Prefeitura de Manaus
Ciclovia no canteiro central da Avenida Álvaro Maia
Desde outubro de 2013, quando foi anunciado o início das obras, o Pedala Manaus tem acompanhado de perto e já em maio de 2014 divulgou nota a respeito da construção da ciclovia sobre a calçada já existente, chamando atenção para descaracterização da construção no que diz respeito à acessibilidade e segurança do ciclista.
A nota ganhou repercussão e a Prefeitura de Manaus, instada a se manifestar, anunciou a reinício das obras até então paralisadas e sua finalização para antes da Copa Mundo, o que não ocorreu. O segundo semestre do ano transcorreu sem nenhuma indicação de continuidade, a qual somente foi retomada após a ciclovia ser tema de uma banda de Carnaval que com um samba muito bem escrito e animado, fez ressurgir o tema Ciclovia e, como consequência, a retomada das obras.
A Prefeitura, na semana que antecedeu a realização da Banda do Boulevard providenciou a pintura e a sinalização horizontal dos primeiros quilômetros da ciclovia que, segundo o governo municipal, terá um total de 16 km, chegando até a Marina do Davi, na Ponta Negra. Algumas rampas de acesso foram construídas, outras continuam em obras, a sinalização ainda não foi finalizada e até o momento não se sabe ao certo o que ainda será feito, até onde e se haverá inauguração parcial deste trecho.
Sobre o ponto de vista da localização, a exemplo de outras cidades, ciclovias construídas no canteiro central tem se mostrado eficientes na medida em que tais locais, na grande maioria, são subutilizados, servindo tão somente para divisão de vias, com pouco ou nenhum acesso de pedestres. Além disso, o espaço já instalado acaba por requerer menos intervenções o que facilita a instalação de infraestrutura cicloviária.
Sob a ótica do pedestre, precisamos começar a entender o papel de cada um no ordenamento do espaço urbano e trabalhar o conceito de compartilhamento, do qual, cidades como Manaus e muitas outras têm ignorado ao se inclinar para a onipresença dos veículos de transporte particular, que estão em todo lugar e dominam cada vez mais a cena urbana.
Apesar dos questionamentos sobre a concepção do projeto da ciclovia, é preciso reconhecer que o mesmo é um grande avanço no que diz respeito a este novo comportamento que o mundo moderno exige dos grandes centros urbanos, os quais, devem respeitar o espaço de todos, sob pena de instalação do caos no trânsito.
Sem entrar no mérito da obra e dos padrões técnicos que devem possuir uma ciclovia, sobre os quais só poderemos nos posicionar após a entrega da obra, há que se comemorar este momento e continuar na luta pela continuidade e na incessante busca da construção coletiva. A exemplo de outros projetos que contaram com a colaboração dos usuários da bicicleta para a adequação de projetos cicloviários à realidade de quem pedala diariamente, o Pedala Manaus continua disponível e disposto a ajudar e contribuir sempre que o poder público nos permitir.