Direitos e Deveres: cidadão, ídolo, herói e mito
O cidadão pode se desenvolver, indo além dos seus direitos e deveres; com suas ações sendo reconhecidas como: históricas, épicas e até mesmo virtualmente impossíveis.
Nesta escala onde o cidadão pode se desenvolver, indo além dos seus direitos e deveres; com suas ações sendo reconhecidas como: históricas, épicas e até mesmo virtualmente impossíveis; o cidadão transcende a condição de simples “contribuinte”, para a condição de “exemplo de ser humano”.
Mas o que causa essa ascensão do cidadão? De acordo com Joseph Campbell, a história do herói começa com um “chamado à aventura”; muitas das criações culturais (livros, filmes, teatros…) produzidas seguem essa mesma linha de raciocínio para criar os heróis populares; raciocínio de Campbell popularmente chamado de “Jornada do Herói”, ou monomito.
Mas historicamente reconhecemos nossos ideais personificados de um modo diferente; normalmente o herói histórico é reconhecido por uma ação, e por traz dessa ação uma série de virtudes que regem o comportamento do herói. Essas virtudes só existem dentro de um contexto cultural, portanto podem ser consideradas como vícios, dependendo da cultura que as observa.
Remontando à Grécia Antiga, as castas dividiam a população em: nobres, periféricos e escravos. Onde dificilmente escravos ascendiam à casta dos periféricos, assim como estes últimos raramente ascendiam à casta dos nobres. Porém raros são os casos de nobres que ascenderam à condição de herói, sendo esta mais comum em periféricos, principalmente soldados; o que deixa clara a preferência por heróis que praticam mais atividades físicas, do que atividades políticas, sociais, mentais…
Será que existe um herói universal? Que seja reconhecido como herói por todas as culturas? Antes que apontem para aquele ícone vermelho e azul; lembremos daquele velho ditado: “não se pode agradar gregos e troianos”. Mesmo com Gandhi sendo reconhecido como herói por muitas culturas, dificilmente seria reconhecido por todas elas.
Edu Cole
Evolução das espécies?
Será que existe uma virtude universal? Antes que apontem para aquele “retângulo verde” com números, ou apontem o amor como um valor universal, lembremos que o ódio pode ser maior que o amor. Mas na raiz do ser humano talvez possamos encontrar uma virtude natural, denominada como consciência; sendo assim um herói pode ser universal se relevarmos suas condições políticas, econômicas, religiosas e sociais, atentando ao seu grau de consciência.
A maioria dos heróis parece ascender, depois de conquistar/alcançar/defender a paz para a comunidade (da cultura que o reconhece). Mas essa prioridade universal, apesar de ser reconhecida como tal por aqueles que honestamente se consideram bons cidadãos; raramente é praticada sem restrições, de modo que atualmente são raros os casos de cidadãos que se transformam em heróis. Mas a transformação em ídolo já é mais comum na nossa cultura, temos diversos ídolos para várias tribos, cada um carregando em si um ideal, um novo mundo, uma nova leitura, um novo significado. “Arte não é aquilo que vemos, ouvimos, sentimos, etc; mas sim algo que muda como vemos, ouvimos e sentimos.”
Esses ídolos, cultuados pelas tribos, são personalidades que podem ou não seguir um conjunto de valores, regionais ou não; e mesmo assim não deixarão de serem ídolos para determinadas culturas. Mas é comum entre os ídolos, a criação de uma série de comportamentos e formas de interação típicas, que são reproduzidas pelo público em questão.
Já os mitos, são reconhecidos por determinadas tribos, como o ícone máximo em determinados contextos (musical, literário, cinematográfico, científico, jornalístico…), sendo na maioria das vezes reconhecidos também como heróis e ídolos.
Na ascensão do indivíduo urbano, para “exemplo de ser humano”, é comum observarmos também uma ascensão dos direitos e deveres, para conceitos mais nobres como: poderes e responsabilidades, normalmente associados às virtudes.