Documentário "Ilha das Flores", de Jorge Furtado
O filme Ilha das Flores faz uma crítica ácida em relação ao modo como a economia gera desigualdades entre os seres humanos.
Um pequeno documentário nacional que foi escrito e dirigido pelo famoso cineasta Jorge Furtado em 1989, com produção da Casa de Cinema de Porto Alegre, foi realizado com o apoio cultural de Kodak do Brasil, Curt-Alex Laboratórios e Álamo Estúdios de Som.
O filme Ilha das Flores faz uma crítica ácida em relação ao modo como a economia gera desigualdades entre os seres humanos. De acordo com Furtado, o texto do filme foi inspirado em suas leituras de Kurt Vonnegut e nos filmes de Alain Resnais, entre outros. Em 1995 o filme foi eleito pela crítica européia como um dos 100 mais importantes curta-metragens do século.
Um dos principais assuntos tratados nesse curta-metragem é o desperdício de comida e a produção descontrolada de lixo. O filme ganhou o nome de Ilha das Flores, em função de uma ilha de mesmo nome, onde funciona um depósito de lixo de Porto Alegre. “Apesar do nome a ilha não possui nenhuma flor, apenas lixo”. O argumento principal da crítica recai sob o fato de que, mesmo aqueles alimentos julgados impróprios para um porco, acabam servindo de alimento para seres humanos necessitados.
O filme começa com um narrador anunciando o local onde acontece a filmagem: Belém Novo, Porto Alegre, apresentando em seguida o conceito que define um ser humano: animais, mamíferos, bípedes, com um tele-encéfalo altamente desenvolvido e o polegar opositor, que permite o movimento de pinça dos dedos, o que por sua vez permite a manipulação de precisão, que o autor associa com o desenvolvimento das tecnologias e ferramentas.
O documentário segue explicando algumas histórias, como o começo do cultivo de tomates, a invenção do dinheiro e Jesus Cristo. “Até a criação do dinheiro, a economia se baseava na troca direta”, mas com esse sistema de troca direta, sentia-se dificuldade em efetuar algumas dessas trocas, acredita-se que esse foi um dos principais fatores para que inventassem o dinheiro.
Recebeu diversos prêmios ao longo dos anos e ao redor do mundo, entre eles ganhou na categoria de melhor filme curta-metragem no 17º Festival de Gramado em 1989.