Os brasileiros que caminham e pedalam para ir ao trabalho
Nesta quarta-feira (10), o IBGE divulgou a Pesquisa Nacional de Saúde, que traça um panorama de como anda a saúde do brasileiro, os hábitos e atividades físicas realizadas.
Nesta quarta-feira (10), o IBGE divulgou a Pesquisa Nacional de Saúde, que traça um panorama de como anda a saúde do brasileiro, os hábitos e atividades físicas realizadas.
Renata Falzoni
Uma das informações coletadas é a respeito dos modos ativos de deslocamento para o trabalho. Que identificam se as pessoas pedalam ou caminham para o trabalho e se o trajeto de ida e volta demora mais de trinta minutos. Porém, conforme a figura abaixo do questionário, infelizmente as perguntas não diferenciam o modo utilizado. Seria uma maravilha para estimar quantos brasileiros maiores de 18 anos utilizam a bicicleta nos deslocamentos.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional de Saúde 2013.
A pesquisa mostra que 31,9% dos brasileiros maiores de 18 anos caminham ou pedalam por mais de trinta minutos em seus deslocamentos para o trabalho. Sendo a menor porcentagem (28,9%) no Centro Oeste e a maior (35,2%) no Nordeste. Em geral as mulheres caminham ou pedalam mais que os homens em seus deslocamentos. Elas 32,6% e eles 31%. Porém, no norte e nordeste os homens são mais ativos nos deslocamentos que as mulheres.
Os que possuem menos instrução, caminham ou pedalam menos que os que possuem mais instrução. 33,9% dos que não possuem o ensino fundamental completo são ativos e 34,5% dos que tem o ensino fundamental completo e médio incompleto são ativos. Enquanto que os que possuem ensino superior completo, apenas 24,8% são ativos em seus deslocamentos.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional de Saúde 2013.
Os brancos (28,7%) são menos ativos que os negros (38,3) e pardos (33,9%).
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional de Saúde 2013.
Os dados de raça e escolaridade podem demonstrar que existe também um recorte de renda, sendo que os mais pobres (negros e não escolarizados) caminham e pedalam mais que os mais ricos, seja por não ter dinheiro para pagar o ônibus ou por não ter dinheiro para comprar um veículo motorizado. A pesquisa não faz o cruzamento da renda dos entrevistados com o tipo de deslocamento.
A pesquisa abrangeu 1600 domicílios brasileiros e foi realizada no segundo semestre de 2013.
Estes dados demonstram, e confirmam algumas coisas:
-> 31,9% dos brasileiros corresponde a 64.928.101 pessoas, ou seja, quase 65 milhões de brasileiros caminham ou pedalam por trinta minutos ou mais para ir e voltar do trabalho diariamente;
-> Mais gente caminha ou pedala para o trabalho do que anda de automóvel no Brasil. A frota de automóveis no Brasil estimada pela ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) é de 31,3 milhões de automóveis. Sabemos que a média de ocupação de um veículo é muito menor do que 2 pessoas, sendo assim, na melhor das hipóteses, seriam 62,6 milhões de pessoas que andam de carro (ai incluindo crianças e jovens com menos de 18 anos);
-> As políticas voltadas para o automóvel não atendem a maioria da população que, mesmo com todos os incentivos para ter e usar automóvel, não os utiliza para ir ao trabalho;
-> Todas as esferas de governo devem olhar com mais cuidado para os deslocamentos ativos. As cidades brasileiras não são agradáveis com esta massa que se desloca a pé e de bicicleta nas cidades. Falta, no mínimo, calçadas e iluminação pública de qualidade, educação e respeito, nas cidades.