A revolução deve acontecer em cada um de nós
Mudar os hábitos é necessário. Não adianta o poder público indicar o caminho se os moradores não se propõem ao novo. A revolução deve acontecer em cada um de nós.
São Paulo passa este ano por um momento de mudanças. O comportamento nas ruas, a reciclagem do lixo e a economia de água são apenas alguns fatores que devem marcar o ano de 2014 na maior metrópole do país.
No que diz respeito a nós, ciclistas, o início da implantação dos 400 km de ciclovias é um marco. A prova de que com vontade política é possível governar e transformar a cidade em um lugar melhor para todos.
Já ouvi alguns comentários maldosos a respeito. “É jogada política. Estão enfiando estas ciclovias goela abaixo do povo. Não faz sentido, nem tem tanta gente assim andando de bicicleta.”
Vamos lá. É comum entre os paulistanos escutar críticas quanto a qualidade de vida na cidade. Muitas delas referentes ao trânsito e o tempo perdido diariamente nele. Já relatei por aqui, em Os Piores trânsitos do mundo, a situação de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo.
Mas como mudar isto?
Me parece que a criação das faixas exclusivas de ônibus e das ciclovias não foram tão bem recebidas por parte dos moradores da capital paulista. Mas quantas destas pessoas tomaram coragem e deixaram o carro em casa para subir no “busão”? Quantas estão tirando a bike empoeirada da garagem ou mesmo criando uma conta para girar com as laranjinhas por aí?
O brasileiro, em geral, é arredio a mudanças. Tem medo do novo. A utilização de bicicletas na mobilidade urbana é uma tendência mundial, diretamente ligada a saúde, pela prática esportiva e pela não emissão de poluentes. Além de ser a devolução do espaço público para as pessoas.
Caímos, então, naquela velha história. Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?! Será que precisamos ter muitos ciclistas para exigir ciclovias ou precisamos de ciclovias para ter muitos ciclistas? Eu respondo sim duas vezes.
Mas a principal mudança deve partir da população. Mudar os hábitos é necessário. A imposição da cultura da bicicleta, também. Assim como separar o lixo e buscar uma maneira de atingir a coleta seletiva se ela não passa na sua rua. Diminuir o tempo no banho e não lavar calçadas com água. Não invadir as ciclovias nem estacionar o carro nelas, nem que seja rapidinho.
Não adianta o poder público indicar o caminho se os moradores não se propõem ao novo. A revolução nesta cidade deve acontecer em cada um de nós.