"Ciclovia-fantasma" de Manaus ganha novo prazo para inauguração
A obra é parte dos investimentos em mobilidade urbana que deveriam ficar como legado para a capital do Amazonas, uma das sedes dos jogos da Copa. Será entregue apenas em Dezembro.
A placa instalada numa avenida do bairro Ponta Negra, em Manaus (AM), deixa confuso quem passa por ela: “obra de mobilidade urbana”. Para quem não está familiarizado com o assunto, o termo é enigmático. E, de fato, a placa não diz o que está acontecendo ali: uma ciclovia está, supostamente, em construção. Supostamente porque, segundo Paulo Aguiar, do movimento Pedala Manaus, a prefeitura apenas quebrou a calçada e refez o pavimento. “Ela [a ciclovia] se tornou uma ciclovia-fantasma porque ninguém usa, nem o ciclista passou a usar, nem o pedestre que antes andava por ali”, informa o cicloativista.
Pedala Manaus
Como parte de uma rede cicloviária que prevê 80 quilômetros até o final da atual gestão municipal, a estrutura foi comemorada em seu anúncio. Movimentos como o Pedala Manaus, contudo, questionam os atrasos e o adiamento da conclusão da obra.
A obra é parte dos investimentos em mobilidade urbana que deveriam ficar como legado para a capital do Amazonas, uma das sedes dos jogos da Copa. A inauguração era esperada para antes dos jogos, ganhou novo prazo em junho, e de acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura de Manaus (Seminf), por meio de sua assessoria de imprensa, a ciclovia na avenida Álvaro Botelho Maia será entregue apenas em dezembro.
A Seminf afirma que a obra está em fase de execução e que os atrasos se devem a uma pausa de 10 dias para ajustes no projeto. Segundo a secretaria os serviços já foram retomados, mas nenhum trecho está pronto para entrega. “No meu entendimento, já poderia haver inaugurações parciais dos trechos que já têm condições de uso. O trecho entre a Boulevard Álvaro Maia e a rua Constantino Néri, de cerca de 3 km, já deveria ter sido inaugurado para a Copa. A alegação para nós foi que o atraso era por conta da Copa, que havia outras prioridades. A chuva também foi dada como causa de atraso. Choveu, mas nada que entendêssemos como um motivo para atrasar tanto”, diz Paulo Aguiar, do Pedala Manaus.
Composta por trechos segregados, outros compartilhados, e outros em que há apenas sinalização vertical, a estrutura inclui as ciclofaixas do Novo Aleixo, de 6 km, e da Avenida Coronel Teixeira, em Ponta Negra, com 2 km, que irão perfazer 4,5 km da ciclovia, interligando as zonas sul e oeste.
O prazo cada vez mais alongado incomoda os cicloativistas. “A cada reclamação nossa, a prefeitura estende o prazo e joga a inauguração para mais adiante”, informa Paulo. De acordo com ele, a prefeitura alega que tem outras prioridades. “Em 19 de agosto foi o Dia do Ciclista. Só dá para comemorar o envolvimento da sociedade civil. Você vê pessoas envolvidas na discussão de cidades para as pessoas. Mas do lado das políticas públicas, falta tudo”, finaliza cicloativista.