Acredito que os roteiristas divinos que escrevem a nossa História de duas uma, ou beberam, ou estão mesmo afins de chacoalhar a nossa realidade e com isso dar chances a que possamos mudar a cara desse país e trazê-lo do século 20 ao 21.

A ficção por mais que tente nunca consegue imitar a realidade; depois de um 7×1 nunca antes sequer cogitado em jogo de Copa, do falecimento de um presidenciável que revirou o improvável, agora pedalando por São Paulo tive o prazer de ser defendida por um gentil taxista, enquanto era xingada por um motociclista (não motoboy) enlouquecido porque eu e Murilo Azevedo estávamos tranquilamente nos locomovendo pelas ruas do Itaim.

Mais curioso o que havia acontecido antes e esse episódio vai mudar muita coisa para nós ciclistas que usamos a Ciclovia do Rio Pinheiros.

Durante a inauguração da ciclopassarela que une o Parque do Povo a Ciclovia do Rio Pinheiros, as autoridades a saber, o Prefeito Fernando Haddad, o Secretário dos Transportes Jilmar Tatto e o próprio Secretário de Transportes Metropolitanos foram avisados que “por medida de segurança” não poderiam pedalar pela estrutura. O aviso era uma ridícula placa proibindo “o tráfego de bicicletas” pela ciclopassarela!

Placas que proibiam cruzar a estrutura pedalando já foram retiradas / © Renata Falzoni

Não deu outra o Prefeito – que tem pedalado constantemente e com isso já ostenta alguns quilinhos a menos – foi incisivo, argumentou contra a proibição e imediatamente anulou a regra considerada sem sentido por 100% dos ciclistas.

Veja o vídeo com a reação do prefeito ao saber que pedalar na ciclopassarela era proibido:

Essa é mais uma prova que só entende da circulação de bicicletas quem pedala e não precisa ser nenhum gênio ou atleta, apenas precisa agregar mais um ponto de vista na sua vida, a do ciclista, daquela pessoa que se locomove na base do pedal e percebe a cidade sob a escala humana, a ótica de um cidadão fora de um carro.

Pronto está aí o efeito colateral em nosso prefeito que agora também é ciclista.

Derrubou em segundos uma regra sem sentido que nós por anos não conseguimos sequer argumentar. Agora só falta liberar os acessos da Ponte Cidade Universitária e o da Estação Santo Amaro.

Importante lembrar que todas essas estruturas foram construídas para atender a circulação até de cadeirantes não atletas, com plataformas planas intermediando rampas não mais íngremes que 6%. Totalmente dentro dos padrões internacionais de estruturas cicloviárias seguras.