A segunda etapa do Brasil Enduro Series
Evento aconteceu em Urubici, uma cidade pequena localizada na serra catarinense conhecida por seus relatos de neve.
A segunda etapa do Brasil Enduro Series aconteceu em Urubici, uma cidade pequena localizada na serra catarinense conhecida por seus relatos de neve. Urubici abriga uma série de atrativos, dignos de um dos melhores destinos de ecoturismo no país.
Jonatha Jünge
Visual maravilhoso para a prática de MTB em Urubici-SC
Caminhos cuidadosamente selecionados conectam essas joias, fazendo da Serra Catarinense um impecável reduto para o Cicloturismo. Além de cânions que propiciam o MTB, há vários lugares que valem a pena serem apreciados: de pinturas rupestres à pedra furada.
A minha passagem pela cidade e pela corrida foi breve, porém longa o suficiente para desfrutar da natureza da região. Foram 17 horas de EnduroMTB, 2800 metros escalados, em temperaturas abaixo de 10°C e três especiais de puro downhill ao estilo catarinense: íngreme e com lama.
Saí de são Paulo na sexta-feira à noite, quando tomei um avião junto de alguns colegas rumo a Florianópolis.
Bia FerragiAntonio Senise, Fernando Simioni, que organizará a etapa de Campos do Jordão e eu, embarcando de última hora para o sul
Chegando lá, nos juntamos a mais um colega de Brasília e seguimos num carro alugado rumo à serra. Nossa sorte foi que nossas bikes e equipamentos já haviam seguido para Urubici com outros amigos. Mesmo assim, as bagagens do amigo de Brasília já foram suficientes para lotar o carro até o teto. 3,5 horas de viagem por conta de um trânsito para sair da ilha, e finalmente chegamos a Urubici.
Fomos recepcionados por nossos amigos mais próximos de SP, SJC, Jundiaí e Rio que já estavam na pousada jantando e se preparando para o dia seguinte.
As pistas não foram reveladas pela organização do evento nem mesmo aos sortudos que conseguiram chegar alguns dias antes a Urubici. A pauta da conversa de sexta foi justamente esta. Ninguém sabia o que nos esperava. Todo palpite colocado em roda a respeito de que pneu usar ou sobre as condições da pista logo passava de mito a verdade.
Jonatha JüngeDaniel Rootrider, o construtor do circuito, guardou tudo a 7 chaves
Dormimos todos ansiosos para não perder cada segundo de pista do dia seguinte. E assim foi. A abertura do treino da primeira especial estava marcado para às 09:00, no topo da montanha. Quando eu saí para me deslocar, por volta das 7:30 já eram muitos os pilotos no mesmo caminho. No momento da abertura, a comemoração foi alta por todos. Hora de treinar.
As estratégias eram variadas. Alguns iam e voltavam muitas vezes o mesmo trecho em busca de uma melhor linha. Outros gravaram tudo em câmeras para análise em casa.
Jonatha JüngeTreinos: dá pra ver a minha câmera ligada pronta pra captar tudo que eu pudesse absorver
Alguns mais batalhadores voltavam as especiais inteiras empurrando na contramão para caprichar na memorização de cada pedra e raiz.
Das três especiais programadas para a prova, fui informada que o feminino apenas correria duas. Ainda no sábado consegui converter a situação por ser a única menina presente, portanto treinei nas as três vias e tentei voltar para o QG do evento o mais rápido possível para efetuar alguns reparos nos meus equipamentos.
Divulgação/ShimanoVisão aérea do QG do evento
Foram mais de 1400 metros escalados no sábado, e o mesmo roteiro seria continuado no domingo. Mas com um dificultador. hora limite para se deslocar entre as especiais. Dos jovens aos mais experientes pilotos, todos toparam o desafio e não tivemos penalidades por atraso nesta etapa, embora ela tenha sido significantemente mais pesada do que a etapa anterior de Itaipava/RJ.
Aguentei bem o primeiro dia de treinos, mas a disposição muscular já não era a mesma no domingo. Pra variar, fui a primeira a largar, às exatas 07:02m., o que nessa época do ano significa ainda estar muito escuro. E no sul? Muito frio.
Quando cheguei à largada da primeira especial, ainda tive que esperar um pouco. Com o tempo, muitos pilotos foram chegando e a adrenalina subiu lá em cima. A pista estava muito molhada por conta do sereno da noite. Não podíamos sequer andar na pista antes da minha largada e nos primeiros 30 metros um rock garden bem técnico nos esperava.
Bia FerragiNeblina intensa
08:43. Minha largada. Aquele silêncio. “Vamos abrir a pista. Primeiro piloto Bia vai descer, em 5,4,3…”. Todos olhando pra mim. Que nervoso! Larguei meio acelerando nervosa e só ouvi o Rodolfo amigo meu ser um anjo da guarda nessa hora “vai devagar mulher”, ok freei e passei no rock garden ilesa. Por pouco já não perdi uns 20 segundo em um tombo besta por ali.
Divulgação/ShimanoNo final do primeiro estágio, o corpo suado por baixo de tantas camadas e mais a mochila nas costas com o capacete começaram a incomodar.
Fiz uma boa descida e logo desloquei ao segundo estágio. Este sim era complicado. Me parecia ser o mais curto, por outro lado, muitas pedras soltas e escolhas de linhas limitadas com “falsos degraus” que poderiam te custar um osso. Acabei me acomodando demais nesta parte, perdendo muito tempo e me arrependendo no meio do caminho. Foi quando resolvi “abrir a mão” e $%#%$¨um barulho enorme em choque com uma pedra. Perdi dois raios da minha roda. Pelo menos não furou o pneu. Ufa! Respirei aliviada e continuei a descida.
Divulgação/ShimanoSaída do extenso rock garden da segunda especial
Na volta, passei no apoio neutro oferecido pela prova para remover os raios que ficaram pendurados e apertar os outros para tentar manter a roda firme. Assim subi para o último e decisivo estágio. Com o clima já mais ameno e a pista um pouco menos lamenta, consegui me manter firme e fazer um bom tempo em relação aos demais. Esta era a especial mais legal e mais de alta velocidade, terminando num morro aberto de pasto que só de lembrar me dá vontade de fazer a viagem tudo de novo para andar lá.
No masculino, Nataniel Giacomozzi de Ibirama foi o campeão da etapa catarinense do Shimano BES em Urubici. Dedicou o título ao pai, que acompanhou a prova na cidade.
Divulgação/ShimanoPodio Elite Masculino: NATA em primeiro (Santa Cruz), seguido de Ronny Renke (shimano), Thiago Velardi (trek) , Thiago Boaretto (Viper) e Diego Knob (DaBomb).
Divulgação/ShimanoEu também subi ao pódio
Para os que gostariam de voltar, ou de ir conhecer esse lugar maravilhoso, um dos envolvidos na organização do evento, o local Jonatha Jünge comanda a empresa “Caminhos do Sertão” através da qual organiza passeios de cicloturismo e MTB pela região. Ele adequa o circuito dependendo do tipo de cliente, não deixe de consultá-lo se quiser desfrutar de um All Mountain inesquecível.
Confira os resultados oficiais neste link.
Contatos:
Jonatha Jünge
+55 (48) 3234-7712
http://www.caminhosdosertao.com.br/destinos/urubici/
Bia Ferragi
Pimpão e Dácio
Bia Ferragi
Isso sim é prêmio! Depois de tudo isso, voltei sozinha no avião com as três poltronas pra mim! Sucesso!