Puro Mountain Bike na preparação para o EWS no Chile
O campeonato de Enduro organizado pelo montenbaik.com e pela MTBLab há cinco anos agita as montanhas andinas de La Parva, próximo a Santiago (CHI).
O campeonato de Enduro organizado pelo montenbaik.com e pela MTBLab há cinco anos agita as montanhas andinas de La Parva, próximo a Santiago (CHI). Já corri muitas provas da modalidade no Brasil, mas aqui o esquema é diferente. O campeonato chileno ultrapassou os 500 inscritos, divididos em 10 categorias diferentes e com trajetos distintos; Enduro 1, 2 e 3.
A prova aconteceu em um sábado e os treinos na sexta-feira. As turmas, divididas nos 3 percursos, foram orientadas com horários de entrada e saída de diferentes lugares, porém ao mesmo tempo. Durantes os treinos, contamos com mau tempo e até neve no final da tarde. Não foi permitido o resgate com caminhonetes e o reconhecimento das pistas foram feitos no pedal.
Nós do Brasil buuscamos conhecer o máximo de todas as trilhas, enquanto as equipes locais se dedicaram aos trechos mais técnicos.
A desvatagem em relação aos atletas locais era clara. Mesmo próximo de Santiago, as condições climáticas das cordilheiras em La Parva eram cruéis. Meus maiores inimigos foram o frio abaixo de zero e claro, a altitude.
AS PISTAS
Muita pedra solta e areia, em um terreno seco e com características desérticas. Pouquíssima vegetação, composta de um único espinho rasteiro junto das pedras e uma espécie de limo por onde se escorria água.
No Brasil as subidas também são cronometradas. Aqui elas aparecem em grandes quantidades, mas apenas nos deslocamentos e com tempo máximo a ser percorrida. Vamos aos detalhes:
Enduro 1: Uma pista tradicional conhecida como Bikepark. Início com alguns saltos seguidos de curvas cavadas e um trecho em alta velocidade. Os Rocky Gardens surgiam entre trechos de Off Cambers com pedras soltas. A última parte era menos seca, estreita e com muitas pedras. Serviu de espetáculo para o público que delirou na descida da categoria PRO. Fabien Barel, Jerome Clemenz e Nicolas Prudencio deram um show de linhas alternativas nesta parte.
Enduro 2: Um trecho bem reto e de alta velocidade. Parvazo cortava baixadas esburacadas e possuía pedras muito pontiagudas. Na minha opnião, era a pista especial mais técnica. Em um dos deslocamentos finais era necessário carregar a bike nas costas. Sofri nesta parte. O deslocamento seguia até a base do teleférico, 8 quilômetros bem íngremes, parte em asfalto e parte em terra. No dia da competição, muitos desistiram deste deslocamento. Alguns passaram mal e até me deparei com gente desmaiada no teleférico. A prova foi duríssima até para os pilotos locais, acostumados com o frio e a altitude.
Enduro3: Valle Amarilo. Pista tradicional com deslocamento em suave inclinação. Porém, a altitude de 3800 metros incomodou e sugou muita energia. Foi a pista que mais gostei. Travada e bem natural. Também foi onde tomei um belo tombo durante a prova. Entortei a roda e tive dificuldades em retomar minha velocidade. Segui com roda dianteira e guidão desalinhados. Mesmo assim consegui me manter firma para buscar o terceiro lugar na categoria.
A PROVA
No dia da corrida o sol finalmente saiu. O clima mais ameno ajudou. As montanhas de La Parva foram tomadas por bikes iradas. Um show de equipamentos de última geração. Mesmo assim, pneus furados, câmbios, gancheras e rodas quebradas acabaram com a corrida de muitos. Mas este é o espírito do Enduro. Uma prova completa, física, técnica e desgastante.
Corri com mais 14 meninas locais de Santiago. O terceiro lugar me surpreendeu e motivou ainda mais para o mundial este final de semana. Aprendi muito sobre o mountain bike chileno, segurança e boas pistas!