O Tocantins que pedala
Ao longo de 12 dias, Renata Falzoni e eu estivemos no mais novo Estado brasileiro para uma série de aventuras no Jalapão e também na região metropolitana de Palmas.
Relutei alguns dias antes de escrever este texto. Precisava de mais tempo para digerir todas as sensações que vivemos no Tocantins. Ao longo de 12 dias, Renata Falzoni e eu estivemos no mais novo Estado brasileiro para uma série de aventuras no Jalapão e também na região metropolitana de Palmas.
MARIA AMÉLIA CASTRO ALVES
Renata Falzoni e Felipe Meireles na entrada do Parque Estadual do Jalapão (TO)
Na sexta feira de carnaval partimos para a Expedição Cicloturística Jalapão 400km, organizada pela galera da One Assessoria e do Social Pedal Clube. O primeiro dia deixou logo um cartão de visitas. Os 90 km entre Ponte Alta, porta de entrada dos jalapeiros e Cachoeira da Velha, pareciam intermináveis.
FELIPE MEIRELES
Uma reta infinita entre Ponte Alta e Cachoeira da Velha, Jalapão (TO)
Mais de 1.100 metros de subidas acumuladas em uma estrada com misto de terra, areia e cascalho. Uma reta infinita como nossos pensamentos. Para apimentar as boas vindas um sol de rachar, nossos equipamentos registravam 42º C.
FELIPE MEIRELES
Cânion de Sussuapara (TO)
Valeu o refresco no Cânion do Sussuapara. E depois do almoço, com 60 km percorridos, uma tempestade pra lavar a alma e acabar com a estrada caiu em nossas cabeças. Valeu a pena, logo após fomos abençoados com uma luz linda e dourada no fim da tarde.
FELIPE MEIRELES
Chuva acabou com a estrada depois do almoço no primeiro dia de pedal
FELIPE MEIRELES
90 quilômetros entre Ponte Alta e Cachoeira da Velha (TO)
A primeira noite de acampamento, com mais de 60 ciclistas, fez despertar aquele sentimento expedicionário que por vezes sentimos nas corridas de aventura de longa duração. Comer, dormir e descansar. Em uma empreitada destas, quando não está trabalhando você deve se concentrar em fazer alguma dessas 3 coisas.
No segundo dia, logo cedo, visitamos a Cachoeira da Velha. Duas quedas d’água em formato de ferradura com volume de água impressionante, abastecido pelas chuvas do dia anterior e da madrugada. Aqueles quilômetros do primeiro dia de pedal se pagaram no momento que estive de frente pra ela.
FELIPE MEIRELES
Cachoeira da Velha (TO)
Partimos dali em direção ao Parque Estadual do Jalapão. Uma jornada de 60 km. Falzoni e eu optamos por não pedalar este dia e seguir direto para as proximidades do parque. Acertamos na decisão. As imagens da Serra do Espírito Santo e das Dunas do Jalapão, cartão postal da região, nos deixaram tão endorfinados quanto se tivéssemos pedalado.
FELIPE MEIRELES
Ciclistas em direção ao Parque Estadual do Jalapão (TO)
RENATA FALZONI
Dunas no Parque Estadual do Jalapão (TO)
FELIPE MEIRELES
Making of: disparando time lapse do pôr do sol, Parque Estadual do Jalapão (TO)
FELIPE MEIRELES
Pôr do sol nas Dunas do Jalapão (TO)
Dormimos em Mateiros e o terceiro dia de pedal reservou visita ao Fervedouro da região e a comunidade de Mumbuca. Lugar onde a renda local é gerada pelo artesanato produzido do Capim Dourado, original da região. Voltamos a noite, em um pedal insano, Falzoni, eu, o fotógrafo Alexandre Cappi, o redator Felipe Gil, Geraldo Barros e mais dois ciclistas de Brasília. Pedalar a noite em uma região tão quente como esta é de fato mais confortável.
FELIPE MEIRELES
Mergulho do Fervedouro de Mateiros (TO)
No quarto dia de expedição realizamos rápida visita a Cachoeira do Formiga e depois seguimos para a RPPN Serra da Catedral. Uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, ao leste do estado, área com lindas formações rochosas e arenosas que marcam a transição da caatinga para o cerrado.
RENATA FALZONI
RPPN Serra da Catedral, São Félix do Tocantins (TO)
Por ali o ecoturista pode fazer passeios de rafting e duck no Rio do Sono e ainda desfrutar de uma pista de Mountain Bike muito técnica com visual para toda a Reserva.
FELIPE MEIRELES
Rafting no Rio do Sono, RPPN Serra da Catedral (TO)
RENATA FALZONI
Jalapão Bike Park, RPPN Serra da Catedral (TO)
No dia seguinte retornamos a Palmas. A capital do estado nos surpreendeu. Bem pertinho da cidade e mesmo dentro dela é possível pedalar o mais puro mountain bike. Com subidas muito técnicas e down hills de respeito. E quando digo bem pertinho da cidade, imagine sair de casa de bike e 3 ou 4 quilômetros depois estar na entrada das trilhas. Um luxo!
MARIA AMÉLIA CASTRO ALVES
MTB no Morro das Araras, ao fundo Palmas (TO)
De quebra conseguimos desbravar um pouco da cultura da bicicleta na cidade com blitz no esquema de mobilidade dos ciclistas locais e visitar o point de BMX. Sem dúvidas, Palmas é uma cidade que pedala.
MARIA AMÉLIA CASTRO ALVES
Renata Falzoni e Felipe Meireles no Parque César Mar, Palmas(TO)
E tudo isso vocês acompanham em uma série especial que será lançada em breve aqui no Bike é Legal. Este foi o 23º estado brasileiro que tive a chance de pisar. É também a 23ª vez que sinto vontade de voltar. As águas do Tocantins, as belezas do Jalapão, a hospitalidade de todo povo local e a paixão pelo mountain bike sem dúvidas me despertam o desejo de retornar.