Diretor de filmes usa a bicicleta para aproveitar melhor o tempo
Diretor de filmes, usuário de bicicleta na cidade de São Paulo e competidor de provas de longa distância. Alexandre Cruz foi sorteado num concurso e irá participar da clássica prova Tour de Flandres.
Alexandre Cruz representará o Brasil na clássica prova Tour de Flandres, na Bélgica
Conversei com o Alexandre Cruz. Diretor de filmes, usuário de bicicleta na cidade de São Paulo e competidor de provas de longa distância. Alexandre foi sorteado num concurso e irá participar da clássica prova Tour de Flandres, na Bélgica. Já participou dos Granfondos de Verão e Inverno, Clássica de Capela do Alto. E do L’Étape 2011, Haute Route Pyrénées 2013. Confira como foi o bate papo e veja os vídeos produzidos por ele.
Arquivo Pessoal
Alexandre Cruz voltou a pedalar para fugir do trânsito em São Paulo
Bike é Legal: Fale um pouco sobre a sua relação com a bicicleta e a profissão.
Alexandre Cruz: Sou diretor de filmes, pai da Aurora, marido da Luciana e faz uns anos que não tenho um carro, uso as bicicletas pela cidade. Meu melhor brinquedo de infância foi uma berlinettinha vermelha, expandiu meus domínios pelo bairro e me acompanhou em inúmeras aventuras. Cresci e acabei me afastando das magrelas como acontece com tanta gente. Mas aos 37 anos, voltando a morar em São Paulo depois de uma temporada de 6 anos no Rio de Janeiro, me deparei com um trânsito muito piorado, a ponto de um dia tentar ir de bike para o trabalho. Para minha surpresa demorei menos tempo do que levava de carro, então insisti com isso, ganhei ritmo, experiência e comecei a me relacionar com a cidade de uma outra maneira, percebendo a topografia, as distâncias e a beleza singela que não se percebe quando estamos dirigindo. Como diretor de filmes, querer contar essa história foi natural, em arte a gente faz o que o coração pede “por profissão ou por vício”.
Bike é Legal: O que é a BMC?
Alexandre Cruz: BMC é um fabricante suíço de bicicletas de alta performance que patrocina uma equipe do Pro Tour. É reconhecidamente uma referência em pesquisa e desenvolvimento de bicicletas e seus produtos acabaram virando um sonho de consumo os ciclistas não só pela tecnologia mas também pelo design. É representada no Brasil por Flavio Magtaz. Claudio Kligerman e Loris Verona Jr., empresários que resolveram estabelecer uma relação diferente da tradicional com o nosso mercado: ao invés de distribuir os produtos através de lojas especializadas e publicar anúncios em revistas, eles decidiram distribuir diretamente do fabricante e efetivamente apoiar atletas, formando uma equipe amadora que usa as BMC no dia a dia de treinamentos e também em competições de estrada, triathlon e mountain bike.
Bike é Legal: Como foi feita a produção do filme “Rio” da equipe Pro Tour?
Alexandre Cruz: Utilizando como base a casa do Claudio no Rio de Janeiro, reunimos os atletas de estrada de lá e de São Paulo, que se deslocaram exclusivamente para a filmagem. Um dia antes da filmagem eu pedalei o trajeto completo para sentir nas pernas os trechos mais legais de se filmar. Em seguida refiz o trajeto de carro, com a câmera, enquadrando, filmando e definindo os pontos-chave onde queria que os ciclistas estivessem. Naquela tarde entrei em contato com a gaivota.tv para tentarmos alugar o drone para as cenas aéreas. O Luis Lotito gostou muito da ideia e foi um grande parceiro nessa empreitada, não só nas questões operacionais, mas também artísticas, usando a experiência para propor planos aéreos muito bons. No dia seguinte bem cedo foi só reunir o pelotão e filmar durante a manhã e parte da tarde. Toda a familia do Claudio trabalhou no filme, assim como amigos dos ciclistas lá do Rio. Foi uma produção “caseira” diria eu, mas nos valemos da minha experiência profissional para otimizar nossos recursos.
Bike é Legal: Tem um outro vídeo seu chamado de “Indo de Bike para o Trabalho” que mostra imagens impressionantes de você pedalando na chuva. Como foi a gravação das imagens?
Alexandre Cruz: O “Indo de bike para o trabalho” foi uma encomenda da Lais Prado, do Clube de Criação de São Paulo. A revista “Pasta Online” tem uma seção “Lado B” das pessoas do mercado publicitário. Ela ficou sabendo que eu usava a bicicleta para ir ao trabalho e me perguntou se eu faria um filme sobre isso.Foi como juntar a fome com a vontade de comer. Fizemos o filme em uma manhã. Eu já sabia todos os pontos onde pretendia filmar, me juntei a dois grandes parceiros, o Oscar Rodrigues Alves e o Pietro Sargentelli, um num carro, outro na garupa de uma moto. Expliquei o que pretendia filmar e eles toparam na hora. Usei um rádio nextel para nos comunicarmos e saímos da minha casa no Ipiranga em direção a Pinheiros. O que não estava nos planos era aquela chuva homérica, que parou a cidade na volta do feriado da Independência… Mas tenho certeza de que o filme ficou melhor assim.
Bike é Legal: Por que bike é legal para você?
Alexandre Cruz: Tudo pode ir e voltar na vida: dinheiro, coisas e até a saúde, mas o tempo é irrecuperável. Usar bem o tempo para mim é uma meta de vida. A bicicleta voltou para minha vida como uma maneira de economizar tempo, eu só não queria ficar parado no trânsito. Atirei no que vi, acertei no que não vi. Fui assambarcado pela atividade física, pelas belezas que vejo, pela chance de ajudar as pessoas ao me tornar Bike Anjo, pela tecnologia das máquinas. Meu corpo foi pedindo mais e mais. De meio de transporte, pedalar virou exercício e depois virou treino sério, visando competições do calendário amador nacional e internacional.