Ciclistas sofrem com surto de assaltos na USP
O principal local para treinamentos de ciclistas amadores e profissionais em São Paulo sofre com um surto de assaltos neste início de ano. Em menos de um mês, 14 bicicletas já foram roubadas na USP.
O principal local para treinamentos de ciclistas amadores e profissionais em São Paulo sofre com um surto de assaltos neste início de ano. Em menos de um mês, 14 bicicletas já foram roubadas nas ruas da USP, zona oeste da capital paulista.
Segundo relatos de vítimas e testemunhas, a ação dos criminosos é parecida em todos os assaltos. Quatro criminosos chegam em duas motos e, armados, levam a bicicleta nas costas.
“No sábado, eu vi. Tudo acontece muito rápido. Chegaram duas motos com dois homens sem capacete em cada uma delas. Eles foram logo parando o ciclista, então o garupa colocou a bike no ombro e eles fugiram”, relata o treinador Edson Pereira.
Os roubos acontecem durante o pico da presença de atletas na Universidade, entre 5h30 e 7h da manhã. “Eles esperam para ver quem está mais isolado, pedalando sozinho ou em dupla. Por causa disso, já estou adaptando os treinos para que, mesmo com ritmos diferentes, ninguém fique muito distante dos outros”, explica Edson. Veja aqui imagens dos assaltantes fugindo com uma bike:
Clima de tensão
Por conta da grande quantidade de casos num espaço curto de tempo, o clima durante os treinamentos diários já não é o mesmo na USP.
Edson Pereira trabalha com ciclistas na Cidade Universitária há 6 anos e diz que a situação vivida nos primeiros vinte dias de 2014 não tem precedentes. “A galera está na tensão total. É um número totalmente fora do normal e não temos o que fazer. É como aquela história de roubar doce de criança: a coisa está fácil para eles(assaltantes)”, diz o treinador.
“Esse ano extrapolou, foi a gota d’água. Não se roubam apenas bikes, todos são assaltados. O caso dos ciclistas é só a ponta do iceberg. Eu não treino mais na USP durante a semana porque tenho medo. Será que vai precisar morrer alguém para que a Polícia tome atitude?”, questiona a ciclista Sara Velloso, 47.
Protesto marcado
Os casos de assaltos a ciclistas na USP ganharam grande repercussão nas redes sociais. Um grupo de ciclistas, inclusive, já marcou um protesto para o próximo dia 1 de fevereiro, às 9h na “Bolinha”, como é conhecida a Praça da Reitoria, principal ponto de encontro dos atletas durante a semana.
A ideia dos manifestantes é fazer uma pedalada para cobrar mais segurança no campus e, até o fechamento desta reportagem, mais de 800 pessoas haviam confirmado presença no evento.
Ciclistas apelam para escolta
Com o sentimento de insegurança em alta nos últimos dias, alguns ciclistas e assessorias esportivas já recorreram à contratação de seguranças particulares para evitar os roubos.
Desde o início da semana, é comum ver a escolta de motos e carros acompanhando os pelotões pela Cidade Universitária. “Ontem mesmo nós vimos um carro blindado com seguranças atrás de um dos grupos durante o treino da manhã”, relata o treinador Edson Pereira.
“O pessoal está se movimentando para dividir o valor de um serviço mensal, mas tem muita gente que prefere parar de ir pedalar se tiver de chegar a esse ponto”, conta Edson.
PM no Campus
Apesar de muitos atletas acreditarem que a Polícia Militar não pode entrar no campus, a segurança de casos deste tipo é de responsabilidade da PM desde 2011, quando a Universidade assinou um convênio com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
Em nota, o órgão informa que a PM mantém uma Base Comunitária Móvel de Segurança com foco especial na Universidade, além de policiais de moto fazendo patrulhamento interno da USP.
Reunião e investigações
Em contato com o Bike é Legal, a Polícia Militar diz que realizará uma reunião nos próximos dias com o Delegado Titular do 93º D.P. e representante do Ministério Público para implementar ações de segurança na Cidade Universitária.
Segundo o delegado em questão, Paulo Arbues de Andrade, “as ocorrências estão sendo investigadas e há um trabalho em conjunto com a Polícia Militar para identificar e prender os autores”. Ainda de acordo com Andrade, pontos estratégicos estão sendo monitorados e há “policiamento ostensivo e preventivo na região, em viaturas – inclusive descaracterizadas – e a pé, para inibir novas ações”.
A PM pede ainda que as vítimas de assaltos na USP registrem Boletins de Ocorrência para aumentar a eficiência do trabalho policial. Hoje, um BO pode ser feito pelaDelegacia Eletrônica.