O Rei da Montanha e a Rainha Oculta
No último final de semana, eu e mais 150 atletas convidados (sendo a maioria brasileiros) disputamos o "Rei e Rainha da Montanha de 4X 2014".
No último final de semana, eu e mais 150 atletas convidados (sendo a maioria brasileiros) disputamos o “Rei e Rainha da Montanha de 4X 2014”. A prova, disputada no Ski Mountain Park da cidade de São Roque-SP, reunia elementos para ser o maior evento nacional de MTB extremo.
A competição foi um show de juventude. Aos 18 anos, Lucas de Borba, de Ibirama/SC, ficou com o título no masculino. Já entre as mulheres, a paranaense Julia Alves, 17, foi quem levou a coroa de rainha para casa.
Eu, Bia, consegui chegar até as semifinais do feminino e avalio a competição, de uma forma geral, como positiva. O cronograma de horários foi bem cumprido, a equipe de apoio estava bem coordenada e os atletas estavam muito animados, num clima de competição intenso. No entanto, vale a pena citar alguns detalhes que devem ser melhorados para a próxima edição.
Pista
O ideal é que uma pista seja avaliada por pilotos durante todo o planejamento e que as características dela estejam sempre de acordo com a modalidade que proposta. Assim, evita-se o lúdico global em troca de uma construção que não ofusque habilidade de nossos atletas profissionais.
O que acontece é que a pista de São Roque tinha alguns elementos que fugiam do que se espera de numa prova de 4X. (Esse, inclusive, é o tema do meu próximo post por aqui)
O projeto tinha obstáculos desproporcionais, com recepções mal encaixadas pela velocidade da pista e para as bikes de 4X, que DEVERIAM ter sido usadas para correr. Com isso, aqueles que compareceram ao evento com as bikes próprias para a modalidade logo se arrependeram. Isto certamente fez o desempenho deles cair. Por mais esquisito que seja, as bikes de downhill se saíram melhor, justamente por atropelar qualquer tipo de obstáculo sem precisar de muita fluidez.
O terreno era muito bom, mas como a pista havia sido recém construída, houve acúmulo de lama nos lugares de freadas, o que acabou por fazer buracos na pista até a grande final no domingo.
Cobertura
A exibição em rede nacional pelo “Plim-Plim” fez a voraz montanha parecer um súbito ataque a um formigueiro.
Com a entrada de pequenos flashes durante a programação, a competição, extremamente emocionante, acabou perdendo o brilho. Todos os 150 atletas foram caindo conforme os dias e as tomadas de tempo passavam. Esforço físico, dor, torcida, tudo isso só ficou na nossa memória.
O mata-mata do último dia deixou pra trás grandes atletas profissionais que sequer tiveram a oportunidade de mostrar aos seus patrocinadores que estavam lá carregando suas bandeiras depois de longas horas de viagem e muito investimento.
A Rainha Oculta
Destaco minha profunda lamentação pelas companheiras da categoria feminina. Mesmo com as melhores atletas do Brasil presentes, nada foi divulgado. A categoria não foi sequer citada durante as transmissões. Me magoa profundamente saber que muitas vivem do MTB, precisam deste tipo de resultado e destaque, mas voltaram para casa decepcionadas.
O interessante é que, apesar de ter sido esquecida, a categoria feminina conseguiu grandes resultados no final de semana. Só para ter uma ideia, a rainha Julia Alves venceu a prova com tempo de 36s380, apenas 02s728 atrás do campeão entre os homens, Lucas de Borba.
Acho que esses números são uma prova de que as meninas do MTB merecem mais atenção na mídia.
De toda forma, queria deixar meus parabéns aos campeões Julia Alves e Lucas de Borba. É um orgulho saber que vocês, pupilos, estão superando os mestres. Isso significa que o nosso esporte está em desenvolvimento e a equipe do Bike é Legal deseja que esta coroa traga a vocês muito sucesso e ânimo para encarar a temporada de 2014!!!