Ecovias evita falar em RMP oficializada, mas admite pequenos grupos na rodovia
A Ecovias, concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes, diz que nunca foi contrária à realização do evento Rota Márcia Prado e admite ciclistas e pedestres como usuários da rodovia.
A Ecovias, concessionária que administra o sistema Anchieta-Imigrantes, diz que nunca foi contrária à realização do evento Rota Márcia Prado e admite ciclistas e pedestres como usuários da rodovia.
Em nota, a empresa justifica os recentes entraves à realização do evento por preocupação com a segurança dos usuários da via, “estejam eles em veículos motorizados ou não”. Segundo a concessionária, a possível presença de cerca e 10 mil ciclistas “deve ser precedida de um planejamento mínimo”, a fim de evitar “a perda da vida de pessoas”.
Entrave
O trecho da Rota Márcia Prado que passa pela Rodovia dos Imigrantes é visto como o principal obstáculo para a oficialização do caminho cicloturístico. “Sobre ao evento anual há conversa, mas colocar a Rota todos os dias do ano não passa pela cabeça deles, não há interesse da Ecovias”, diz Felipe Aragonez, sócio-fundador do Instituto CicloBr.
No total, a RMP percorre 100 quilômetros entre as cidades de São Paulo e Santos, sendo 7km dentro da Rodovia dos Imigrantes. Os ciclistas acessam a rodovia no KM35 e seguem até a interligação com a Anchieta para acessar a estrada de manutenção sem precisar passar por trechos sem acostamento.
Contradições
Na última semana, a Ecovias entrou com ação na justiça para impedir a descida de um grupo de ciclistas que estava marcada para o último domingo(8). A alegação era de que a realização da Rota não tem autorização dos órgãos competentes, além do fato de que, em 2009, a presença dos ciclistas na rodovia teria trazido grande insegurança para os motoristas.
Apesar disso, cerca de 300 ciclistas fizeram o caminho até Santos no dia 8 e, inclusive, contaram com apoio da Polícia Militar Rodoviária na passagem pela Rodovia dos Imigrantes.
Confira a nota da concessionária na íntegra:
NOTA ECOVIAS
“Em nenhum momento, a Ecovias se colocou contrária à realização do evento Rota Márcia Prado. A concessionária busca apenas que a realização do evento não comprometa a segurança dos usuários da rodovia, estejam eles em veículos motorizados ou não. Por isso, já foram realizadas diversas reuniões com os organizadores esclarecendo as providências necessárias para anuência da Ecovias e autorização pela Artesp, DER e Polícia Militar Rodoviária. As medidas, que incluem sinalização específica e empenho de viaturas exclusivamente para acompanhamento do evento, atendem à Portaria SUP/DER-100-08/10/98.
A Ecovias já esclareceu também que, embora a cobrança de taxas para realização de eventos desta natureza nas rodovias esteja prevista na Portaria SUP/DER-100-08/10/98, artigo 95, a própria organização da Rota Márcia Prado pode providenciar, juntamente com os órgãos competentes, as medidas operacionais necessárias para garantir a segurança no trajeto.
A posição da Ecovias, assim, tão somente busca o atendimento das normas que visam prioritariamente garantir a segurança dos usuários das rodovias – aí incluídos motoristas de veículos automotores, ciclistas e pedestres, bem como promover a necessária fluidez do tráfego, conforme exigências de seu Contrato de Concessão. Desta forma, é prudente considerar que a eventual presença de 10 mil ciclistas, como preveem os organizadores, deve ser precedida de um planejamento mínimo para que não ocorram contratempos e imprevistos que poderão levar a perda da vida de pessoas, mas que, posteriormente, não poderão ser classificados como fatalidades.
A concessionária entende que o envolvimento da Defensoria Pública nas tratativas é bastante oportuno, pois deve garantir que o evento seja realizado com o mínimo de riscos a todos os usuários.
Em relação à travessia individuais ou de pequenos grupos de ciclistas, a concessionária alerta que alguns trechos das rodovias não possuem acostamento, caso por exemplo, dos túneis na descida da serra, o que impede o tráfego de bicicletas com condições mínimas de segurança nesses espaços ou em trechos que levem obrigatoriamente para esses locais. Nesses casos, a abordagem aos ciclistas é feita pela Polícia Militar Rodoviária”.