5ª Etapa do “Montenbaik” Enduro Chile conta com atletas brasileiros
Quando falamos de Enduro, o Chile está bem consolidado na modalidade. Há cinco anos este país vem organizando competições de qualidade através da associação "MONTENBAIK" organizada por Ignacio Barbosa
1. CHILE + ENDURO
Quando falamos de Enduro, o Chile está bem consolidado na modalidade. Há cinco anos este país vem organizando competições de qualidade através da associação “MONTENBAIK” organizada por Ignacio Barbosa, Matias Del Solar e Eduardo de Solminihac. O trabalho deste grupo foi reconhecido ao ponto de terem sido convidados a colaborar para a primeira etapa do EWS em 2014 que ocorrerá no Ski Resort de Nevados de Chillan em abril.
Um grupo de brasileiros das cidades de São José dos Campos e do Rio de Janeiro se uniram para acompanhar no dia 7 de dezembro a 5ª e última etapa da Montenbaik Enduro 2013 em Puchuncavi. Quem teve a iniciativa da viagem foi o biker Rodolfo Bazetto fazendo as reservas e trajetos. Aos demais, foi só comparecer com o necessário: “Levamos somente ferramentas básicas, câmeras de pneu, as bikes, capacete, bomba de pneu e suspensão.”
2. O LOCAL
Puchuncavi fica a 50km ao norte de Vinã Del Mar, litoral do Chile. É um dos distritos habitados por mais tempo no Chile, tendo registros de conglomerados de Bato desde 806 a.c.
Um pouco sobre a cultura local:
O nome atual da cidade Puchuncaví provem do Mapudungun “Puchuncahuin” que significa onde se abundam as festas.
3. A PROVA
Foram 32km rodados e um desnível de aproximadamente 2000m, em uma divisão feita em três trechos especiais além dos deslocamentos em terra e asfalto. Interessante o fato destacado por Rodolfo: Diferente de campeonatos que usam pistas tradicionais já existentes no local, o que acaba por favorecer os ateltas que estão habituados com a região, as especiais escolhidas pela MONTENBAIK foram 100% inéditas preparadas exclusivamente para o evento.
“As especiais aconteceram em um tipo de terreno muito particular, com características desérticas, solo cheio de pedras e espinhos grandes, terra muito solta que dificultava a pilotagem em todos os momentos, os próprios chilenos chamaram isso de “antigrip del demonio” diz Rodolfo.
Já os deslocamentos eram muito íngremes, sendo os grandes vilões dos pilotos sem o preparo físico adequado, e para deixar tudo mais emocionante o sol de 35 ºC e o vento frio castigavam os pilotos, uma sensação de calor e frio o tempo todo.
Juliano destaca: “Tenho orgulho de dizer que eu e meu amigo Vicente Almeida fomos quase os únicos que subiram tudo sem dar uma empurradinha sequer, o que foi muito bom pois chegávamos com bastante tempo para descanso entre as especiais.”
4. ORGULHO
O nosso grande representante foi Juliano, que pedala desde 1987 (Eu não era nem nascida, ops!). Sua primeira corrida de Downhill foi em 1991 em Mairiporã no OPEN de Verão. Na época, pilotava uma Caloi Cruiser. “Fui campeão paulista de DH em 1995 e vice de DH e dual slalon em 1996”, disse Juliano.
Em 1999 no Campeonato Brasileiro em Visconde de Mauá, Juliano sofreu uma fratura muito grave no fêmur, ficando com os pinos e presilhas, que chamamos de “gaiola” na parte exterior da coxa por mais de um ano: “Não aguentei ficar parado e voltei a pedalar com os ferros na perna mesmo apenas com a perna direita em bom estado, pois o “ilizarov” (nome da gaiola) não me permitia dobrar o joelho esquerdo.”
Em 2001 Juliano resolveu voltar a competir nas categorias para deficientes físicos ainda só com a perna direita foi bi campeão no Iron biker e correu doze horas na categoria solo. Em 2005 conseguiu finalmente fazer uma cirurgia que lhe permitiu um movimento de 90 graus do joelho, quando voltou a pedalar normalmente com as duas pernas.
Juliano gosta de dizer “Inside me, i have bones & bolts. Amo bicicletas tenho uma loja a Bike Joe onde trabalho como mecanico há 20 anos, sendo referência na minha região.”
Sobre a prova, Juliano destaca os motivos que levaram ao seu sucesso: ” Apesar da experiência adquirida nesses anos todos, nunca tinha corrido em outro país. Tive consciência de fazer a prova com calma, sem abusar muito nas descidas pois minha única intenção era completar a prova sem acidentes e tudo correu bem. Sofri uma forte escorregada, que embora sem me derrubar fui com os joelhos ao chão.”
E ainda sobrou tempo para peripécias: “Graças a minha lerdeza, esqueci de ligar a câmera que carregava no peito nas três tomadas de tempo (#burropac***). Quando lembrei, fazia isso no meio da descida onde tinha que desacelerar para conseguir ligar e prosseguir!”