Quando o Dia Mundial Sem Carro realmente faz sentido
Algo me pareceu estranho na construção do Dia Mundial Sem Carro desse ano. Muita coisa acontecendo, muita gente nova no movimento, ações múltiplas e dispersas, com direito a muitos "plágios".
Algo me pareceu estranho na construção do Dia Mundial Sem Carro desse ano. Muita coisa acontecendo, muita gente nova no movimento, ações múltiplas e dispersas, com direito a muitos “plágios”. Porém, o MEU Dia Mundial Sem Carro me fez de fato pensar que talvez ocorreu algo que fez muito sentido.
A primeira reflexão que fiz dessa dispersão tem como origem as manifestações que ocorreram em junho. Uma vez que a mobilidade urbana foi o cerne de toda essa mobilização na rua, vimos em São Paulo uma pancada de pessoas e coletivos brotando para “agora sim” ter um movimento que discutisse o tema. Lembro bem desse mês de junho (inesquecível!). Eram em média 3 reuniões por semana com grupos diferentes para discutir a mesma coisa. Haja criatividade e saliva!
Vendo tudo isso, fica evidente que o Dia Mundial Sem Carro seria construído da mesma forma, partindo de vários grupos diferentes, com proposições diferentes. E foi isso que observei no meu Dia Mundial Sem Carro.
Vi e ouvi uma chuva, literal e figurativamente, de ações na rua e pessoas falando sobre o assunto. Pessoas que nunca imaginei discutir sobre mobilidade urbana ou de deixar o carro em casa discutindo (ou mesmo defendendo) sobre a causa. Foi aí que vi sentido na coisa toda. Percebi que as pessoas “comuns”, que usam o carro para trabalho ou serviços, estavam de fato pensando nesse dia e, muitos deles, refletindo sobre o uso do carro. Explico um caso verídico…
Chegando na entrada do Parque Ibirapuera para o Festival Ciclobr, em São Paulo, vi duas moças entregando flores. E junto com a flor dizia: “Dia Mundial Sem Carro – Hoje as entregas da Flores Online estão sendo feitas por bicicleta.” Fascinante! Imagina só um serviço de entrega que deve contar com uma grande demanda simplesmente deixando seus carros no trabalho. Um impacto e tanto, não? E assim pedalei o resto do dia, vendo e revendo os carros sumirem e a cidade encher de pessoas e flores. Que seja um caminho sem volta.