Pedalar e o resgate da cidadania
O primeiro efeito colateral de quem troca o carro por uma bicicleta integrada ao transporte público é o resgate da escala humana.

© Reynaldo Berto
O primeiro efeito colateral de quem troca o carro por uma bicicleta integrada ao transporte público é o resgate da escala humana. De imediato passamos a questionar as cidades em que vivemos e os absurdos decorrentes da imposição da circulação dos automóveis, ou seja, a inadequação do nosso habitat para o uso do cidadão.
O segundo efeito de se pedalar pelas cidades do Brasil é a indignação. É muito injusto e desigual a forma como são tratados os cidadãos que se locomovem com propulsão humana em nosso país. Pontes, viadutos e avenidas – que custam uma fortuna – cizalham as cidades de tal forma que confinam os cidadãos em quadrantes deteriorados e desconectados, antes chamados de bairros.
Calçadas estão impróprias ou inacessíveis, as rotas de pedestres e ciclistas inexistentes. Os caminhos planos e diretos são privilégio daqueles que vão em carros enquanto aos pedestres restam as ladeiras, os caminhos tortuosos, truncados e perigosos, pois motoristas incautos e impunes matam.
O castigo a muitos dos que teimam em circular por onde “não pode” é a morte. O Brasil todo padece desse mal. Nossa qualidade de vida está envenenada pelos escapamentos desses veículos.
O terceiro efeito colateral de quem pedala é ser pró ativo. Ele passa a atuar. Ele aguça a sua cidadania e entende que pode e deve mudar a cidade em que vive. E ele tem razão. Fazendo bom uso da internet ele pensa global e age localmente. Por que?
Porque ao pedalar ele se mexe, se conscientiza e age. Ainda que muitos não gostem do termo, é assim que eu defino um cicloativista. Aquele cidadão que atua para mudar a sua cidade, movido pela energia que ele recicla ao pedalar pela sua vizinhança.
Ir e vir de bicicleta além de ser um direito de todos, é uma atitude cidadã.
Assim nasce o Bike é Legal, um site que reúne essa turma que pensa bicicleta e age por um Brasil melhor. A porta está aberta a todos.