Fui de Carro voltei de Bike
Alguns anos usando carro e já sentia saudade da liberdade que a bicicleta dá. No ano 2000, comecei a pedalar nas ruas com a ajuda de um amigo.
Quando criança e adolescente, eu andava bastante de bicicleta, chegando até a ir com ela para a escola de vez em quando. Mas conforme chegava a maioridade, como todo jovem de classe média influenciado pela sociedade e pela propaganda, quis ter um carro e dirigir. E com o carro, esqueci da bicicleta e me tornei um motorista padrão: gostava de velocidade, de carro esportivo, de som alto.
Mas alguns anos depois eu já sentia saudade da liberdade que a bicicleta dá. No ano 2000, comecei a pedalar nas ruas com a ajuda de um amigo e logo passei a participar de grupos de passeios noturnos, muito comuns aqui em São Paulo, que ajudaram a me acostumar com a bicicleta nas ruas. Comecei a fazer trilhas, num estilo mais cross-country, o que me ajudou a ter resistência para aguentar percursos longos e a aceitar melhor o calor, o frio, o sol e a chuva.
Cheguei a participar de algumas competições de mountain-bike, buscando mais a emoção das provas do que um pódio ou uma medalha, as quais me trouxeram conhecimento sobre alimentação, preparo físico e superação de limites. E as curtas cicloviagens que também fiz nesse meio tempo me ensinaram a ser autossuficiente, sabendo resolver pequenos problemas mecânicos e carregando tudo que eu possa precisar (e nada mais).

Tudo isso foi antes de perceber que a bicicleta, além de ser um ótimo equipamento de lazer e esportivo, também pode ser usada para os deslocamentos cotidianos, o que só veio a acontecer num momento de necessidade.
Num dia em que meu carro quebrou, em 2003, resolvi experimentar a bicicleta para ir ao trabalho. Admito que estava com certo receio que não fosse lá dar muito certo, mas percebi que era muito mais simples do que eu imaginava. Cheguei na empresa com um sorriso de orelha a orelha, como uma criança que descobre uma nova brincadeira.
Desse dia em diante, comecei a questionar muito o uso do carro e toda a cultura do automóvel que nos cerca e influencia todo o tempo. Comecei a ir de bicicleta uma vez por semana, duas, três e quando percebi já a utilizava todos os dias. Fui compreendendo ao longo dos anos que era realmente possível viver sem um carro, mesmo em uma cidade como São Paulo, o que ia contra tudo que a vida numa sociedade baseada no automóvel até então tinha me ensinado. E em 2006 vendi o carro vermelho, esportivo, bonito e potente, do qual eu já havia admirado o barulho do motor, mas que já não era mais usado. Levei-o de volta à mesma concessionária onde o havia comprado anos antes, tirei a bicicleta do porta malas e voltei pedalando para casa. Foi um momento muito simbólico, um marco na minha vida.
Hoje uso a bicicleta para tudo e não me imagino mais parado ao volante no meio de uma avenida, tentando chegar em casa no final do dia. O tempo utilizado num deslocamento em bicicleta é aproveitado, saboreado e me deixa feliz.
Vá de Bike!
O site Vá de Bike surgiu quando comecei a compartilhar em um blog minhas experiências com o uso da bicicleta nas ruas, em 2002. Conforme fui experimentando comportamentos e práticas do uso das vias junto a outros veículos, percebia o que funcionava melhor, o que era mais seguro, o que trazia melhor resultado, relatando no blog em artigos com dicas.
O objetivo, desde o início, é ajudar quem está começando, passando a experiência prática adquirida nas ruas, além de informações e notícias sobre a mobilidade em duas rodas sem motor.