Chegada a Copenhague após 750km pedalados
Paulo de Tarso e eu chegamos a Copenhague, capital da Dinamarca, depois de 750 km pedalados desde Berlim, capital da Alemanha.
Paulo de Tarso e eu chegamos a Copenhague, capital da Dinamarca, depois de 750 km pedalados desde Berlim, capital da Alemanha.
Foram 12 dias entre essas duas cidades consideradas ícones por serem amigáveis aos ciclistas.
Pedalamos em dias nublados, alguns com chuva, sempre vento, carregando em alforjes todos os nossos pertences, em especial os equipamentos de filmagem e fotografia. Uma aventura e tanto.
Renata Falzoni
Um dos raros momentos de sol, já na Dinamarca
A rota é relativamente bem sinalizada, no entanto um mapa guia é necessário e uma certa experiência em navegação. Nisso Paulo de Tarso é expert.
Rodamos uma média de 70 a 90 quilômetros por dia. Pode parecer pouco, mas para quem vai parando a cada esquina para filmar é muito. As jornadas foram de 8 a 9 horas por dia e considerando o fato de que eu cheguei aqui sem treino, sofri no começo.
Renata Falzoni
Quepe de soldado da União Soviética
Na Alemanha a variedade de terreno é enorme, desde asfalto impecável até trilhas em single track maravilhosas, muitas surpresas pelo caminho. A arquitetura varia de acordo com a região, mas é bonito ver a origem das casas feitas em eixamel que a gente vê no interior do estado de Santa Catarina.
A Alemanha que cruzamos fez parte do domínio soviético desde o fim da segunda guerra em 45, no entanto hoje em dia muito pouco ou praticamente nada se pode ver daqueles tempos. Não consegui uma única entrevista com alguém que pudesse me descrever o que foi a Alemanha Oriental antes da reunificação de 1990, ou mesmo o processo de reunificação iniciado na época. É fácil compreender. Posso dizer que é um tabu.
Em Rostock, pegamos um barco até Gedser já na Dinamarca. É gostosa essa tranquilidade entre as fronteiras na Europa. Estou no meu terceiro país desde que por aqui cheguei e mostrei meu passaporte uma única vez.
Renata Falzoni
Estrutura serve tanto para carros quanto ciclistas
A Dinamarca é o 27 país por onde pedalei e por mais que seja muito parecido com a Alemanha ou a Holanda, a Dinamarca tem suas particularidades. São poucas as scooters que encontramos por aqui, mas elas rodam com motor dois tempos o que é mesmo surreal considerando que a Dinamarca é um país preocupado com o meio ambiente. Eles se classificam de verde. Essas motos dois tempos já passaram da época de serem banidas do mundo.
Renata Falzoni
Arquitetura dinamarquesa
Nosso primeiro dia na Dinamarca foi o único dia de sol de ponta a ponta. Pensamos que o tempo iria nos dar uma refresca, mas nada, a refresca veio em forma de chuva que nos acompanhou o resto da viagem.
Mas como dizem os próprios dinamarqueses, não existe tempo ruim existe roupa ruim, e Paulo de Tarso e eu estamos bem equipados. O que me fez falta foi um bom alforje a prova de água e paralamas na bicicleta.
Muitas casas de veraneio fechadas ao longo do caminho, ao lado de plantações de hortaliças, milho e beterraba. Os dinamarqueses são descendentes dos Vikings, excelente navegadores. Muito interessante observar nos detalhes da arquitetura, as soluções usadas em embarcações como fechos de janelas, portas, trincas, móveis e outros detalhes.
Outra fascinação é com velas, elas estão por toda parte.
A paisagem fica um tanto monótona, mas nada aborrecida, pois há sempre alguma surpresa. Em alguns trechos a cicloestrada está sendo construida, mas tem sempre uma forma de se evitar o transito pesado. Dividir estradas pode ser um pouco tenso.
Um detalhe que me chamou atenção é a algazarra dos pássaros atrás do trator de arado roubando as sementes recém plantadas. Linda imagem.
Renata Falzoni
 Algazarra de pássaros atrás do trator de arado para roubar as sementes recém plantadas
Em Stevns visitamos o forte subterrâneo, onde hoje funciona um museu da Guerra Fria. Depois da segunda Guerra Mundial, a Dinamarca foi um dos principais palcos da Guerra Fria. Túneis de quilômetros cavados na rocha costeira observavam os mares e mantinham lança mísseis, escutas e outros artefatos bélicos.
Era aonde se controlava o movimento dos navios Russos em direção ao Atlântico. Em 1962 foram os dinamarqueses que informaram os EUA que navios russo seguiam em direção a Cuba portando mísseis. Foi a Crise de Cuba, o quase início de uma terceira grande guerra.
Chegamos a Copenhague de trem, evitando os últimos 40 km da periferia da cidade e uma torrencial chuva.
É de fato uma cidade amiga dos ciclistas, onde os motoristas respeitam a vida de todos nas ruas. Ser uma cidade amiga dos ciclistas foi uma opção política, mas isso é um capítulo para um outro post, até lá!
Renata Falzoni
O caminho segue tanto por asfalto quanto trilhas single track
Renata Falzoni
Ciclovia sendo construidas na Dinamarca