Ralis de carro não são normais
A notícia é antiga mas pertinente. O piloto alemão Mirco Schultis perdeu a direção de seu veículo na primeira etapa do Rali Dacar, atropelou cinco pessoas e matou Natalia Sonia Gallardo de 28 anos.
A notícia é antiga mas pertinente. O piloto alemão Mirco Schultis perdeu a direção de seu veículo na primeira etapa do Rali Dacar, atropelou cinco pessoas e matou Natalia Sonia Gallardo de apenas 28 anos de idade.
Quando a notícia foi divulgada pela mídia oficial do evento, foi dito que a vítima estava em local impróprio para assistir o evento, ou seja, mais uma vez a vítima, a que morreu atropelada, leva a culpa pela seu infortúneo.
Entre as vítimas desse acidente também estava o fotógrafo e montanhista Tom Papp, que descreve detalhes de seu acidente aqui.
Por ser ágil, Tom Papp saltou fora, evitou uma tragédia maior, escapou com vários ferimentos e alguns ligamentos rompidos que o levaram a cirurgia.
Veja aqui as fotos montadas em sequência do ocorrido.
É impressionante ainda se julgar “normal” esse tipo de evento onde carros em altíssima velocidade circulam por ruas e estradas que, justamente por serem menos frequentadas, cortam locais densamente habitados por animais silvestres e alguns seres humanos.
Sem falar na poluição, no barulho, no impacto generalizado para com a vida silvestre, na queima inútil de combustível fóssil, no disperdício, acidentes de carro são a principal causa de morte entre crianças e adolescentes.
Mais de um milhão de pessoas morrem por ano em acidentes de carro, sendo que 250 mil dessas vítimas são crianças.
Não entendo como a força da grana ainda sustenta e considera “normal” esse tipo de evento. A indústria automobilística tem que rever essa postura arrogante para com tudo isso e pagar essa conta que já se acumula há um século!
O Rali Dacar foi expulso de vários países da África justamente devido a esses transtornos e – principalmente – devido ao desrespeito à cultura local.
É claro que o que é divulgado como “oficial” não confessa esses absurdos. O fato é que esse Rali de esportivo não tem absolutamente NADA!
Infelizmente a Argentina e o Chile cairam nesse engodo de sediar o Dacar. Contra minhas palavras há o inegável interesse do público que não questiona muito menos entende esse “efeito colateral” desse evento calcado na queima de petróleo e alta velocidade.
É impressionante o poder colonizador na indústria petrolífera, apoiada pela propaganda. Esse segmento gasta fortunas para sustentar esse modo de vida insustentável.
Na década da sustentabilidade, espero que esse vandalismo nunca chegue ao Brasil. Por aqui já basta o Rali dos Sertões que carrega em si os mesmos problemas do Rali Dacar, acobertados pela mídia que mascara mesmo. Mudar essa mentalidade levará algumas décadas!
Tenho a certeza de que a esmagadora maioria dos que me assistem e me lêem não concordam comigo. Na real não visualizam o que eu denuncio, mas guardem bem essa frase:
Andar em alta velocidade em um carro, ao lado de pessoas e animais é tão absurdo quanto dar a descarga com água potável!
Ainda falta uns anos para essa ficha cair, enquanto isso a CET permite 70 km por hora na Avenida Paulista, onde 1,2 milhões de pessoas circulam nas calçadas, atentadas pela alta velocidade de apenas 20 mil veículos na avenida.
O privilégio de poucos em detrimento da segurança de muitos e a turma acha isso “normal”!
Esse é o nosso cotidiano, o nosso dia a dia, meu campo de batalha, mas temos que ter a consciência que que isso não é normal!