Paixão pela Amazônia
Quando eu tinha apenas 5 anos de idade, me apaixonei pela Amazônia e todos os segredos que uma selva pode esconder. Estava dormindo quando meu pai me acordou e mandou-me descer até a sala de visitas.
Quando eu tinha apenas 5 anos de idade, me apaixonei pela Amazônia e todos os segredos que uma selva pode esconder. Estava dormindo quando meu pai me acordou e mandou-me descer até a sala de visitas para eu “ver uma coisa”.
Chego lá e não pude acreditar. Um homem de olhar firme e forte. Cabelos longos lisos, riso farto e franco com uma Jaguatirica filhote nas mãos. Era o Frei Ettore Turrini, que passava pela casa dos italianos de São Paulo, fazendo a coleta de doações para a sua paróquia no Acre.
Com a Jaguatirica em meu colo, assisti a uma sessão de fotos da mata, dos bichos do Acre e do Leprosário que o Frei mantinha no interior em Brasiléia e assim me apaixonei pela selva Amazônica.
Em 1978 João Batista de Oliveira Cesar e eu partimos para a Amazônia em busca de Ettore Turrini. Era apenas uma moleca de 25 anos de idade, recém formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie e tudo o que eu queria era tornar-me uma fotógrafa.
Saimos no verão de trem até Bauru, depois um ônibus pela BR 364 até Porto Velho. Aí começou a verdadeira aventura, a estrada estava diluída em lama e levamos uns 7 a 10 dias atolados para chegarmos a Porto Velho.
Essa epopéia foi a minha primeira matéria publicada na então revista Carreteiro da Abril.
De lá seguimos até Rio Branco. Na travessia do Rio Abunã, peguei a Malária. A primeira delas. Em Xapuri conheci Chico Mendes que me foi apresentado pelo padre Claudio, colega de Turrini a quem não encontrei por falta de acesso a Sena Madureira cidade onde ele se econtrava.
No vilarejo de Boca do Acre, no Amazonas, fomos arbritariamente presos, pois estudantes jovens, com idéias marxistas não eram benvindos por aquelas bandas nos tempos da ditadura.
Chegamos a Manaus de ônibus pela Manaus Porto Velho, na época em bom estado. Hoje a estrada não existe fato que determinou a preservação de boa parte dessa floresta.
Em Manaus me entristeci de ver a sujeira da cidade, a decadência explícita em todas as partes e a velocidade como o desmatamento devorava a selva ao longo de suas estradas.
De Porto Velho em Rondônia a Boa Vista em Roraima, passando por Manaus a cena era uma só: Queimadas e derrubada das madeiras para a entrada do gado.
No Acre, cena idêntica.
O INCRA distribuia terras, os novos proprietários desmatavam, plantavam, endividavam, faliam e vendiam suas terras a latifundiaristas do gado.
Essa população depois migrava para a periferia das cidades grandes e assim foi povoada a Amazônia nesses últimos 30 anos.
O seringueiro perdeu sua matriz pois as matas foram devoradas para o gado. Chico Mendes assassinado em 1989 lutava pela preservação dos seringais.
Trinta e um anos depois, retorno a Manaus, dessa vez para a produção de um especial sobre a Amazônia, a população ribeirinha, os que foram seringueiros, os pescadores, os guias de ecoturismo, os botos cor de rosa, na companhia de Karol Meyer, recordista mundial de mergulho em apnéia mais os contemplados da Promoção Mormaii, empresa que investe na pesquiza da Amazônia.
Conheci uma outra realidade, onde a população ribeirinha acordoul, aprendeu a não desmatar, pesca somente o que pode e quando pode, respeita o Ibama, mas a cidade de Manaus em si continua um escândalo.
Apontada como a terceira cidade do Brasil, os números são catapultados pelo Polo Industrial da Zona Franca, a cidade de dois milhões de habitantes continua sem tratamento de esgoto, lança seus dejetos no Rio Negro e não preserva a sua arquitetura histórica.
Manaus já foi uma das mais importantes cidades do mundo, na época áurea do Ciclo da Borracha, hoje jaz em esgoto.
Dizer que é falta de dinheiro não cola, pois as indústrias estão lá pagando seus impostos.
Convido a todos os industriais assentados na Zona Franca de Manaus a caminhar pela região portuária da cidade, ver o Mercado Municipal fechado e abandonado há dois anos esperando a prometida reforma e sentir na pele a tristeza que eu senti com tamanha degradação.
Que esses mesmos empresários unam-se e pressionem a quem de direito, pois os impostos são pagos e para onde vai esse dinheiro?
Manau, a porta de entrada para a Amazônia Brasileira, não pode ser abandonada dessa forma.
Voltando as coisas boas, foi uma supresa agradabilíssima estar com Karol Meyer, mulher de fibra e raça, detentora de vários recordes mundiais em apnéia, capaz de ficar 18 minutos e 32 segundos debaixo dágua sem resprirar.., é mole?
Não é mole não, é mulher brasileira! Ufa!
Entre várias aventuras, Karol mergulhou com os botos cor de rosa do Rio Negro, segue algumas fotos.
Tudo isso será veiculado no começo de 2010. Caramba já estamos em 2010!