BMX x Cidadania
Atendendo o convite de Diogo Canina, atleta do BMX duas vezes medalhista de prata nos X Games na modalidade Super Park, fui conhecer a nova pista de BMX , da cidade de Amparo.
Atendendo o convite de Diogo Canina, atleta do BMX duas vezes medalhista de prata nos X Games na modalidade Super Park, fui conhecer a nova pista de BMX , da cidade de Amparo.
O local é no parque linear do Rio Camanducaia, onde a prefeitura estreitou a avenida marginal ao rio, a av. Dr. Carlos Burgos, de 12 para 7 metros, transformou-a em pista de circulação local, aumentou a área verde, construiu 3 quilômetros de ciclovia, futuramente a ser interligada a uma estrutura cicloviária ainda em construção, jogou a avenida de trânsito rápido para o outro lado do parque e de quebra ainda construiu um excelente SK8 Park de 890 m2.
E para ter certeza de não errar, o jovem prefeito Paulo Miotta, engenheiro e músico, com especialização em ciências políticas, ainda somou o know how de Diogo Canina, ao tirocínio técnico de Cassio Narina para projetar e construir o local. Resultado, a Nova Pista de Amparo é hoje mais um exemplo de cidadania com participação da comunidade e da prefeitura.
Um exemplo a ser seguido por outros prefeitos do Brasil.
Digo isso pois o Ministério das Cidades vem financiando a construção tanto de ciclovias quanto de SK8 Parks e outras obras nas cidades do Brasil, no entanto nem sempre essas pistas estão sendo construidas com assessoria adequada e o resultado é desastroso.
Várias pistas de SK8 hoje no Brasil são inviáveis tanto para BMX, quanto SK8 ou mesmo patins. São malprojetadas e malconstruídas. Representam dinheiro bom jogado fora, em toda parte do Brasil tem.
Pior ainda é quando o espaço é preconceituosamente proibido para a prática do BMX.
Em Amparo o local fervilha de jovens em BMX e SK8, em uma harmonia nem sempre comum em outras pistas pelo mundo afora e esse crédito tem tudo a ver com o próprio Diogo Canina, local de Amparo, que em 2004 foi morar nos Estados Unidos e já levou a medalha de prata duas vezes em seguida nos X Games, na modalidade Super Park.
Curioso mesmo a pressão da energia do bem que rola naquele local. Mais de uma vez “colaram” uns moleques para fumar maconha na beira da pista e segundo relatos, imediatamente a turma pediu para que os meninos se afastassem, pois ali na pista não era lugar de consumo de drogas.
Consta também que por vezes achegam-se grafiteiros e pichadores e os mesmos garotos pedem que não pintem as rampas, pois elas estarão melhor assim, limpas, com cara de novas!
Interessante mesmo.
Tem mais, a antiga pista de BMX e SK8 da cidade iria ser transformada em estacionamento de carros e mais uma vez Diogo Canina apelou para seu dom de excelente negociador e propos o “SK8 Plaza”.
Amparo será a sede do primeiro “SK8 Plaza” do Brasil. Uma praça normal como todas as outras, onde os equipamentos servem tanto para o lazer da população “normal” quanto para o uso de BMX e SK8. Ou seja, uma praça que integra os atletas jovens tidos como “radicais” aos cidadãos que procuram uma praça para sentar e ler um livro por exemplo, ou mesmo jogar um xadres.
Uma pista de rua de verdade com obstáculos iguais aos que se vê nas ruas, onde pode-se andar de Bike, Patins e Sk8 e sentar para descansar e ver a paisagem.
Uma proposta de integração dos usos dos espaços públicos.
Um exemplo de cidadania. Uma nova forma de ocupar a cidade, muito parecida ao “transito partilhado com responsabilidade” que nós o cicloativistas tanto pleiteamos. O espaço da cidade usado de forma civilizada por todos sem disputas, preconceitos ou atitudes arrogantes.
O SK8 Plaza de Amparo será um exemplo de civilismo ou o que quer que possamos chamar de “divisão de espaços com cortesia e civilidade”.
Extrapolando um pouco me lembro do seguinte:
Estamos na véspera da Copa do Mundo aqui no Brasil onde toneladas de dinheiros serão gastos em infraestrutura urbana. Fala-se de reformas de estádios, de acesso por novas avenidas, de estacionamentos, de trens bala, mas não ouvi até o momento nada sobre estrutura cicloviária, ou de reformas em estádios que depois possam ser usufruídas pela população.
Estive na Copa do Mundo da Coréia e do Japão em 2002 e os estádios não tinham estacionamento de carros perto. O acesso era por metro, calçadas e ciclovias.
Além disso nada está previsto para um futuro uso integrado. É tudo para o jogo de futebol, assistido por uma platéia e apenas isso.
Seria muito legal poder pedalar a qualquer dia e hora a um estádio desses, por uma estrutura cicloviária e usufruir do espaço dos estádios, para alguma coisa além de assistir a um jogo não seria tudo de bom?
Tabom, sei que nessa eu pirei, mas .. porque não ? Porque não socializar a infraestrutura dos estádios de futebol?